O Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou nesta terça-feira (9) um inquérito para apurar se o mau funcionamento de sensores de velocidade em aviões Airbus pode provocar acidentes aéreos.
Se comprovado o risco, o promotor Rodrigo Terra, da 2ª Promotoria de Tutela Coletiva de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Capital, dará um prazo de seis meses para que a Air France e a TAM providenciem a substituição dos sensores de velocidade de seus aviões, sob pena de as companhias serem impedidas de voar. Um suposto defeito no dispositivo está entre as hipóteses que podem ter provocado a tragédia da semana passada. A empresa fabricante do avião tinha conhecimento do defeito e já havia recomendado a troca, que vem sendo feita, segundo o MP, "de forma lenta".
Apesar da Air France haver anunciado que vai substituir os sensores de todas as suas aeronaves, Rodrigo Terra considera importante que o Ministério Público atue para prevenir danos aos consumidores.
Air France disse que trocará equipamento
O Sindicato dos Pilotos da Air France informou nesta terça que a companhia aérea se comprometeu a trocar os sensores de controle de velocidade de sua frota de Airbus A330 e A340. O portal G1 entrou em contato também com a TAM, mas a empresa ainda não se manifestou.
"A direção da Air France chamou os pilotos na segunda-feira (8) à noite, para informar sobre a substituição das sondas, e apresentou-nos um calendário", disse o porta-voz do sindicato, Erick Derivery. Ele não informou, no entanto, em quanto tempo os equipamentos da frota seriam trocados. "Dentro de alguns dias", afirmou, sem dar mais detalhes.
A Air France não se manifestou oficialmente sobre o assunto.
O Sindicato dos Pilotos havia pedido, nesta segunda-feira (8), a seus associados que não voassem enquanto a companhia não mudasse os sensores de velocidade das aeronaves.
"A companhia disse que vai mudar os sensores nas próximas semanas. Nós queremos proteger nossas tripulações e nossos passageiros, por isso não podemos esperar esse prazo", disse o líder sindical Christiphe Presentier à emissora "France Info".
Presentier afirmou que se trata de "uma medida de precaução" enquanto se investiga a possibilidade de uma falha nesses sensores ter provocado o acidente do Airbus A330, que voava do Rio a Paris.
O líder sindical lembrou que o Escritório francês de Investigação e Análise (BEA), responsável pelas averiguações sobre a tragédia, apontou os sensores como uma das possíveis causas do acidente, embora ainda não tenha dado uma explicação conclusiva. Segundo o BEA, esses sensores enviaram informações contraditórias sobre a velocidade do voo AF447, que caiu no Atlântico.
A incoerência desses dados fez com que alguns sistemas eletrônicos do avião deixassem de funcionar, segundo o BEA. No entanto, os responsáveis pela investigação afirmaram que ainda é cedo para se saber as causas do acidente.
A Air France, por sua vez, assegurou que acelerou o programa de substituição dos sensores, iniciado em 27 de abril passado, após os incidentes registrados em vários de seus aparelhos.
A companhia aérea francesa mudou esses sensores em sua frota A320, a primeira em que foi registrado algum tipo de problema, e não iniciou a substituição nos A330 e A340 até que a Airbus propusesse um modelo compatível.
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