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igualdade de gênero

Mulheres comemoram uma década no Corpo de Bombeiros do Paraná

A soldado Simone : “Nunca tinha imaginado ser bombeira”. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
A soldado Simone : “Nunca tinha imaginado ser bombeira”. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

O Corpo de Bombeiros do Paraná, criado em 1912, se aproximava dos 100 anos quando a primeira mulher vestiu o fardamento. Foi há uma década, quando uma lei estadual permitiu à corporação a inclusão das bombeiras. Na primeira turma, entraram 23 “bombeiros militares do sexo feminino”. Em dez anos, elas chegam a 119, entre oficiais e soldados. Foi o tempo de conquistar o respeito dentro da corporação. Mas o caminho até um Corpo de Bombeiros igualitário não terminou de ser trilhado, e passa por uma maior inclusão tanto na base quanto no topo da hierarquia.

A ampliação esbarra na lei, que hoje restringe a 50% a entrada de mulheres nos concursos. Tanto o concurso para soldado, realizado pela última vez em 2013, pela Fafipa, quanto o de oficiais, organizado pela UFPR, são claros: “Atingido o limite previsto não serão nomeados candidatos do sexo feminino independente da classificação final obtida no certame”.

A recíproca não é verdadeira. Se as primeiras posições forem conquistadas por homens, só eles entram. Uma mudança na regra poderia afrouxar a pirâmide que aponta a proporção de mulheres diminui conforme a hierarquia sobe.

A gente tinha que provar que as mulheres poderiam ser inseridas em todas as áreas, se não ia acabar fechando as portas.

Rafaela Mansur Diotalevi,tenente.

Em dez anos, a patente mais alta atingida por uma mulher foi a de capitã. Para chegar a coronel, topo da carreira, a média na corporação é de 30 anos de serviço. Atualmente, as bombeiras representam menos de 4% de um efetivo de 3.126 bombeiros. A presença está concentrada nos grandes centros; no interior, há muitos batalhões sem presença feminina.

Mesmo sendo poucas, elas já causam uma mudança de mentalidade dentro da instituição. Os próprios colegas homens que, no começo, diziam duvidar da capacidade das mulheres de fazer um bom trabalho hoje admitem que era preconceito.

A mudança foi resultado de uma conquista. Na primeira turma, em 2005, “ninguém sabia o que fazer”, conta a tenente Rafaela Mansur Diotalevi, 33 anos. Não havia tabelas de teste físicos, fardamento ou banheiros femininos.

As primeiras bombeiras foram “cobaias” para muita coisa que foi criada dali para a frente. Quem veio do interior permaneceu em Curitiba ao menos por três anos, até os quartéis de suas cidades se adaptarem para recebê-las.

O sentimento era de “provação”. De que entre as 23 – que representavam apenas 6% daquela turma de soldados –era preciso ter mulheres excelentes para trabalhar em todas as áreas do Corpo de Bombeiros. Caso contrário, ficaria um sentimento de que “a mulher” não tem capacidade para aquela função.

“Naquele momento a gente tinha que provar que as mulheres poderiam ser inseridas em todas as áreas, se não ia acabar fechando as portas”, lembra Rafaela.

A soldado Simone Aparecida dos Santos, 31, era daquela turma, e lembra que nunca tinha imaginado ser bombeira, até porque não existia concurso para mulheres. Hoje, a coisa começa a mudar de figura. “A gente encontra mulheres que param a gente e falam: ‘Eu quero ser bombeira, é meu sonho!’.”

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