Aplicações
A música como terapia pode ajudar na saúde do corpo e da alma de pacientes de todas as idades.
Indicações
Psiquiátrica
Atua com pessoas que tenham algum transtorno mental, para promover a saúde desses pacientes.
Biomédica
Indicada para pacientes que precisam promover ou reabilitar a saúde física e prevenir doenças. É utilizada em clínicas, hospitais, maternidades e pediatrias.
Social
Procura trazer o paciente para o convívio e trocas sociais e promover a saúde na família, no local de trabalho ou entre grupos.
Educacional
Utilizada para promover a aprendizagem e o processo de aquisição de conhecimentos e habilidades.
Formação
Curso superior
No Paraná, apenas a FAP oferece o curso superior de Musicoterapia, que tem duração de quatro anos. Entre as disciplinas cursadas estão as da área da psicologia e anatomia. O aluno aprende várias dimensões da existência do ser humano, o lado social, físico, psíquico e social. A profissão está em processo de regulamentação, aguardando votação no Senado Federal.
Para ouvir
A musicoterapeuta especializada em gerontologia e saúde mental Maria José Conrado da Silva considera importante descobrir as músicas que fizeram parte da vida dos idosos. "É muito gratificante trazer às pessoas a lembrança musical de sua história. Nesse momento, elas ficam envolvidas e o sentimento de depressão ou de perda é aliviado", afirma. Maria José dá algumas dicas de músicas que podem ser apreciadas por vovôs e vovós:
Quatro Estações, de Vivaldi
Trenzinho, de Vila Lobos
Concertos para violino, de Mozart
Hinos da nacionalidade da pessoa ou de seus antepassados
Marchinhas de carnaval
Óperas
Músicas folclóricas
Cantigas de roda, especialmente as que utilizam o nome da pessoa e ajudam no reforço da identidade.
Origem
A musicoterapia é definida pela Comissão de Prática Clínica da World Federation of Music Therapy como a utilização da música e de seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia), por um musicoterapeuta qualificado, em um processo destinado a facilitar e promover comunicação, relacionamento, aprendizado, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, a fim de atender às necessidades físicas, mentais sociais e cognitivas
1946 É ministrado o primeiro curso de formação de musicoterapeutas, na Universidade de Kansas, no Texas, EUA.
1971 Teve início o primeiro curso de musicoterapia no Brasil, ofertado pela Faculdade de Educação Musical do Paraná (FAP).
Hoje o dia começa diferente para a professora aposentada Edilah Cecília Santos Bessler, 84 anos. Toda quinta-feira, ela pula da cama cedinho, toma um banho demorado, de onde sai perfumada e disposta a vestir suas melhores roupas. Há três anos, o comportamento era o oposto. "Ela ficava a maior parte do tempo deitada, levava uma vida sedentária e não tinha ânimo para nada", conta a filha Sônia Maria Santos Bessler.
A mudança veio depois do tratamento com musicoterapia, que Edilah mantém até hoje e nem pensa em parar. "Não consigo imaginar minha vida sem. Sempre me falam para fazer palavras-cruzadas para exercitar a memória, mas não há nada mais chato. A música me acompanha todas as noites quando deito e vou recordando cada palavra, cada melodia", conta.
De acordo com Sônia, o quadro de depressão da mãe não apresentava melhora apenas com os remédios e acompanhamento psicológico clássico. "Depois que ela chegou aos 80 anos, passou por muitas perdas e precisava de um incentivo para se conectar consigo mesma." Essa conexão aconteceu quando foram alinhados os tratamentos de homeopatia, acupuntura e musicoterapia. "A música veio para complementar o que já estava sendo feito", diz a filha.
Segundo o musicoterapeuta Carlos Antônio Doro, durante as sessões, o paciente é orientado a restabelecer contato consigo mesmo, resgatar sua espontaneidade, além de trabalhar a auto-estima, a capacidade de comunicação, a coordenação motora e a concentração. No caso de Edilah, a ligação da família com a música e o talento para composição foram ferramentas importantes para as sessões. A professora tinha poesias e letras guardadas da época em que dava aulas para a pré-escola.
Indicação
Formado pela Faculdade de Artes do Paraná, Doro usa a música para trabalhar com pacientes nos mais diversos quadros de saúde, há 10 anos. "Além dos pacientes da terceira idade e suas complicações decorrentes dessa fase da vida, a musicoterapia também auxilia no combate a outros males como derrames cerebrais, epilepsia, mal de Alzheimer, Parkison, autismo, transtornos mentais, depressão e insônia."
O médico e músico Augusto Weber, diretor da Clínica e Centro de Estudos de Acupuntura do Paraná (Cesac), estudou musicoterapia em Londres e utiliza a música em seus tratamentos de acupuntura há 20 anos. "Infelizmente aqui no Brasil os médicos ainda não têm a mentalidade de unir os benefícios da música com a medicina tradicional e com isso perdem-se muitas possibilidades de melhora nos pacientes", afirma.
Ele explica que, além da audição, o som e suas vibrações também têm utilidade no tratamento. "A estimulação vibroacústica, feita nos pontos da acupuntura, tem inúmeros efeitos no corpo humano, como o alívio de dores, efeitos regenerativos, diminuição da ansiedade e do estresse."
Antídoto contra a solidão
Na terceira idade as pessoas tendem a se tornar mais solitárias e isoladas dentro de suas casas. Além de problemas psicológicos, esse comportamento pode levar ao surgimento de problemas de saúde ou agravar quadros já delibitados. A música ajuda a evitar o isolamento.
A doutora Rosimyriam Ribeiro dos Santos Cunha, professora de Musicoterapia da FAP, realizou uma pesquisa com mulheres que moram em Curitiba e têm mais de 70 anos. "Foi descoberto que música e rádio estão muito presentes no cotidiano desse público", conta. As idosas encontram no rádio um aliado para enfrentar a solidão. "Elas se atualizam escutando as notícias e buscam na música uma maneira de preencher o vazio existente pela falta de conversas e relacionamentos." Segundo ela, a musicoterapia contribui para que as pessoas idosas revivam momentos e entrem em contato com suas memórias.
Para o médico Augusto Weber, é preciso que o idoso seja incentivado a participar de atividades sociais e tenha a companhia de familiares e amigos. Quando essa atenção não pode ser tão constante quanto deveria, a musicoterapia pode ajudar. "Não se sabe até que ponto dor crônica pode ser falta de afeto. Mesmo mais velhas, as pessoas continuam precisando de carinho, do toque físico e das vibrações. Esses estímulos e a sensação de acolhimento também podem ser fornecidos pela música."
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Serviço
Centro de Atendimento de Musicoterapia da FAP (aberto ao público para atendimento gratuito), fone (41) 3250-7300.
Centro de Estudos de Acupuntura do Paraná (Cesac), fones (41) 3027-6120 e 328-59576.
Musicoterapeutas Carlos Antônio Doro, fone (41) 9976-3364 e Maria José Conrado da Silva (41) 3015-1007.
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