Há cinco anos, a enfermeira Sabrina Alves Ferreira é doadora contumaz de sangue e de plaquetas. Dona do sangue tipo O negativo, considerado doador universal, Sabrina entrou no Hemobanco como estagiária e agora ocupa um espaço seleto: ela é uma das folhas douradas da Árvore da Vida, projeto criado pelo Hemobanco de Curitiba para premiar os maiores doadores de sangue.
Para ganhar uma folha, é preciso ter doado sangue ao menos 15 vezes (homens) ou 12 vezes (mulheres) nos últimos cinco anos – homens podem doar uma vez a cada 60 dias e mulheres a cada 90. Sabrina fez da boa ação um hábito e doa a cada intervalo mínimo necessário. “Todos que puderem, devem doar sangue. Eu consigo sentir o resultado da doação pelo meu esforço e pelos que recebem a transfusão. A decisão de uma só pessoa pode ajudar muitas vidas.”
Um dos que recebem sangue do banco regularmente é Antonio Aires Tavares, 69 anos, que tem uma disfunção nos glóbulos vermelhos. Ele recebe três bolsas por mês, 36 em um ano. Paciente conhecido pelos funcionários, ele faz questão de participar das cerimônias do Árvore da Vida que reconhecem os doadores regulares. “Gosto de falar para eles que salvaram a minha vida. E que a disponibilidade deles salva diariamente muitas outras”, diz.
O Hemobanco recebe de 50 a 70 doações de sangue por dia durante a semana e de 100 a 110 aos sábados. A média mensal de bolsas recebidas gira em torno de 1,5 mil. De acordo com a administração, cerca de 70% do material recolhido vem de doadores novos. Os outros 30% são de doadores regulares. Segundo Karla Braga Fávero, bioquímica responsável pelo controle de qualidade, a reserva atual atende as expectativas do Hemobanco para atender as 11 agências transfusionais de hospitais de Curitiba e outras 16 instituições. “Estamos com um bom estoque há dois, três anos”, afirma.
Gastronomia do bem
O Hemobanco participa nesta terça-feira (14) de uma ação em parceria com a Unimed e três chefs de cozinha em tributo ao Dia Mundial do Doador de Sangue, celebrado em todo 14 de junho. A data é um alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS), principalmente a países em desenvolvimento. Segundo a entidade, são colhidas anualmente 108 milhões de doações em todo o mundo, metade em países de PIB elevado, onde está menos de 20% da população. Esses dados representam um aumento de 25% em doações em comparação com 2004.
A chef Daniela Caldeira, do restaurante La Table Gastronomie, participa da campanha. Ela levou sua equipe ao Hemobanco para doar sangue e transmitir aos funcionários uma mensagem de ajuda. Doadora há 10 anos, ela ressalta a importância da continuidade na boa ação. “É um gesto muito simples, rápido, fácil, e que ajuda muitas pessoas. Trouxe minha equipe para lembrar que poucas ações podem mudar muitas vidas.”
Tamiris Rosa Bomfim, 19 anos, que trabalha com Daniela, doou sangue pela primeira vez. “Não há porque não doar. É um gesto muito simples. Vou vir sempre que puder”, garante.
Em parceria com Manu Buffara (Restaurante Manu) e Beto Madalosso (Forneria Copacabana Itupava), Caldeira distribui 200 sanduíches e doces, até as 18h, no Hemobanco (Rua Capitão Souza Franco, 290, no Bigorrilho) e também no Hemepar (Travessa João Prosdócimo, 145, no Alto da XV).
Dia Mundial do Doador de Sangue
“O sangue nos une. Compartilhe vida, doe sangue” é o tema da campanha de 2016. Segundo a OMS, o número de doadores voluntários tem crescido consideravelmente desde 2010. A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) estima que ao menos 2% da população deveria doar sangue de maneira regular para cobrir as necessidades de sangue e outros componentes sanguíneos de um país. Em média, as nações da América Latina e do Caribe coletam sangue equivalente a 1,5% de sua população.
Segundo dados de 2014 do Ministério da Saúde, a média brasileira de bolsas por ano é de cerca de 3,6 milhões, o que corresponde a 1,8% da população. Do total de pessoas que procuraram os hemocentros, 64,8% foram doadores do sexo masculino e 35,1% do sexo feminino.
Quem pode doar
Para ser um doador de sangue é preciso estar em boas condições de saúde, ter entre 16 e 67 anos e pesar no mínimo 50 kg. Os adolescentes de 16 e 17 anos precisam de autorização e da presença do responsável legal. O doador precisa estar descansado, em jejum de bebidas alcoólicas há pelo menos 12 horas e evitar alimentação gordurosa quatro horas antes da doação.
Pessoas que tiveram gripe ou resfriado devem esperar até sete dias após a cura para doar. Já pacientes em tratamento dentário também podem ser impedidos de doar por até sete dias. Quem fez tatuagem ou colocou piercing nos últimos 12 meses precisa esperar. Gestantes devem aguardar até 90 dias após o parto normal ou 180 dias após a cesárea.
Pacientes que tiveram hepatite viral, diabetes, possuem antecedentes de acidente vascular cerebral e evidências clínicas ou laboratoriais de AIDS ou presença do vírus HIV não podem doar.
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