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"Não vai ter buraco igual ao de São Paulo? Ah, então eu concordo", diverte-se o açougueiro Nivaldo Claudino de Souza, 42 anos, morador da Vila Pompéia, usuário contumaz do Terminal do Pinheirinho. Há cinco anos, todos os dias da semana, ele parte dali para uma viagem de 60 minutos até o trabalho, nas Mercês. Na volta, mais 60 – duas horas, uma contabilidade de tempo perdido que chega perto às comuns em São Paulo e Rio de Janeiro. Pessoas como Nivaldo, claro, querem o metrô.

O comerciante José Dirson Portes da Cunha, 52 anos, há 11 dono de um ponto do terminal, gosta da idéia de ver seu posto de trabalho virar uma estação de metrô. Não sabe se seria melhor para as vendas, mas com certeza seria uma adianto na vida da população que todo dia não consegue embarcar, embananada numa questão numérica: "Na hora do rush sobra gente e falta ônibus. Mas a vinda do metrô é uma possibilidade muito distante."

O misto de descrença com desconfiança também contamina outras pessoas que vivem e trabalham na República Argentina – a avenida candidata a ganhar um megajardim. "Seria fantástico se não fosse uma utopia", dispara Gaspar Henrique Bittencourt, 46 anos, com a mulher Lúcia dono de uma loja recém-inaugura de produtos naturais, no Novo Mundo. Para ele, o metrô é uma necessidade e a requalificação da avenida quase um milagre. "Todo mundo ia querer ter uma loja aqui. Mas temos problemas tão básicos, como segurança. Será que esse investimento é prioridade?"

Para João Carlos Tulio, 52 anos, dono do Bar Unidos, em plena República, o projeto tem de ser recebido com desconfiança. Ele já falou com três vereadores sobre a situação de penúria da histórica Praça do Novo Mundo, onde, um dia, João Stenzowski, avô de sua mulher, abriu o armazém que deu origem ao bairro. Nada. "Será que eles vão fazer metrô e jardim se não conseguem nem trocar essas floreiras da praça. Elas estão aqui desde o tempo do [prefeito] Maurício Fruet", protesta. E tem mais uma – Tulio tem lá suas dúvidas sobre o destino do Novo Mundo com o fim da canaleta. "O comércio vai quebrar. Ninguém vai sair do vagão para vir aqui." (JCF)

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