Nem Jardim Botânico, nem Barigui. O parque mais procurado em Curitiba por internautas no Instituto Municipal de Turismo (IMT) é o Lago Azul, no distante bairro do Umbará, de tradicional colônia italiana. Na atual temporada de férias, a atração na zona sul da capital ficou à frente, pela ordem, da Torre Panorâmica nas Mercês, do Barigui, da Ópera de Arame e do Botânico. Já no ano de 2016 inteiro o parque foi o sexto ponto turístico mais buscado no IMT. O interesse é tanto que o instituto estuda adicionar o parque no roteiro da linha de ônibus de turismo.
FOTOS - confiram imagens do Parque Lago Azul
VÍDEO - o Parque Lago Azul e sua beleza
“Conseguimos verificar que 80% das buscas são de Curitiba, 6% de São Paulo e o restante de São José dos Pinhais. Acreditamos que as pessoas estão procurando novas alternativas de lugares para visitar na cidade ou mesmo mais perto de suas casas”, afirma o analista de Turismo do IMT Wellington Rafael Medeiros.
A área do Lago Azul foi adquirida pelo município em 2007. Já o parque passou a funcionar em 2009 e é frequentado por aproximadamente 10 mil pessoas nos fins de semana, de acordo com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Entretanto, bem antes de se tornar oficialmente área de lazer, a área de 12 mil hectares já era informalmente a “praia do curitibano”.
Antiga praia do curitibano
Entre os anos 60 e 70, quando o acesso ao litoral não era tão fácil e a maioria dos parques, incluindo o Barigui, fundado em 1972, sequer existia, a propriedade da família Segala reunia famílias da cidade inteira para pescar, tomar banho no lago, fazer piquenique, entre outras atividades. Entre os frequentadores conhecidos da época – informou dona Angelina Segalla, proprietária do terreno, já falecida, à Gazeta do Povo em 2006 – estava o ex-governador Roberto Requião. A mãe de dona Angelina era paciente do pai do político, o médico e ex-prefeito de Curitiba Wallace de Melo e Silva.
Serviço Parque Lago Azul
Endereço: Rua Colomba Merlin, 476, Umbará.
Horário de Funcionamento: das 7h às 19h, de segunda a domingo.
Como chegar de carro: a partir do Terminal do Pinheirinho, pegue a Rua Marechal Otávio Saldanha Mazza e Nicola Pellanda até a Rua Colomba Merlin, no Ganchinho. Siga até visualizar o portal da entrada, no lado esquerdo.
Como chegar de ônibus: saindo do Centro, a melhor opção é embarcar no ônibus Pinheirinho/Carlos Gomes (Linha Verde), na Rua Lourenço Pinto. No Terminal do Pinheirinho, é preciso embarcar nas linhas alimentadoras Ganchinho ou Umbará, que seguem pela Rua Nicola Pellanda. O desembarque deve ser feito na esquina com a Rua Colomba Merlim. O parque fica a 250 metros.
Tanto que, mesmo não sendo tão conhecido pelas novas gerações, o Parque Lago Azul segue no imaginário de muitos curitibanos. Hoje, não é mais possível entrar na água do lago, que por muitos anos, antes de virar parque, chegou a formar espuma de poluição. Mas os frequentadores têm à disposição trilhas para caminhada, mirante, parquinho infantil, academia da terceira idade, quiosques, campos de futebol, estacionamento, banheiros e fraldário.
A antiga casa da família Segala foi transformada em bistrô e mantém os traços da década de 1940, época em que o lago foi construído para desviar o curso de um riacho e represar a água para movimentar um moinho de fubá. Apesar de não funcionar mais, a engenhoca continua compondo a paisagem do parque.
A escritora Miriam de Oliveira, de 60 anos, conheceu a área depois que o marido, que passou parte da infância por ali, contou sobre seu apreço pelo lugar. Amigo da família Segala, ele também aparecia nos fins de semana e férias para nadar no Lago Azul. Hoje, é o filho, Pedro, de 12 anos, quem visita o parque quase que diariamente. Ele vai com a mãe fazer caminhadas e diz gostar bastante do ambiente.“Ano passado, lancei um livro que fala sobre uma lagarta sonhadora. Tirei inspiração daqui e do meu jardim. Gosto muito deste lugar”, observa.
Zelador do parque, Edgar José Maneira, 55 anos, não imaginava que um dia trabalharia no ponto de diversão de sua juventude. “Com 12, 13 anos, eu também vinha aqui. Era cheio de canoas, muito gostoso”, recorda ele, que está há cinco anos ajudando a manter o parque em ordem. Todos os dias, Maneira procura deixar o lago limpo. Nesta tarefa, já tirou de tudo da água – desde embalagem de xampu a computador. “Mas não pessoas que vêm aqui que deixam assim. Isso vem lá do rio de cima, de perto do Ceasa”, explica.
Mesmo assim, quem vê o Parque Azul pela primeira vez diz não se desapontar. O aposentado Gentil Costa Xavier, 83 anos, visitava a área nesta sexta-feira (10) com a filha, Madri, 39. Para eles, a área não perde em nada para cartões postais como o Barigui. “É um lugar silencioso, bom para se distrair”, define o aposentado. Já a filha, lança uma provocação. “Às vezes, as pessoas só dão ênfase no nome do lugar, como o Parque Barigui ou o Botânico. Mas se elas têm intenção de ter contato com a natureza, descansar, fazer um piquenique, esse também é um bom lugar”, ressalta.
Abandono
Embora tenha uma vegetação exuberante, nem tudo são flores no Parque Lago Azul. A área tem sido bastante visada para abandono de animais. Quem caminha pelas trilhas já chegou a contar 22 cachorros vivendo por ali. Na visita da reportagem na manhã de sexta-feira (10), havia oito. A matilha perambula pelo parque e é alimentada por frequentadores. “De vez em quando, as pessoas acham algum bonitinho e levam para casa”, conta o zelador.
Transporte
Também não há ponto de ônibus em frente ao parque. Quem opta por deixar o carro em casa e partir do Centro deve embarcar no ônibus Pinheirinho/Carlos Gomes (Linha Verde), na Rua Lourenço Ponto. No Terminal do Pinheirinho, é preciso pegar as linhas Ganchinho ou Umbará. Ambas seguem pela Rua Nicola Pellanda. O desembarque deve ser feito na esquina com a Rua Colomba Merlin, que fica a 250 metros da entrada do Parque Azul.
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