A empresa de telecomunicações NET decidiu demitir o funcionário que usou informações cadastrais de uma cliente para assediá-la pelo WhatsApp, um aplicativo de mensagens para celular. Em nota, a empresa disse que também foi registrado um boletim de ocorrência para que o “fato seja apurado na esfera criminal”.
A jornalista Ana Prado recebeu mensagens na terça-feira, 26, no aplicativo, de um atendente da empresa que disse ter acesso a todas as informações dos clientes e se recusou a apagar o número da vítima. A jornalista relatou o caso em seu perfil do Facebook. Após a denúncia, outros relatos com situações parecidas começaram a surgir nas redes sociais.
Segundo a jornalista, o atendente ligou para oferecer um pacote promocional da empresa. Depois de recusar a oferta e desligar o telefone, ela recebeu a mensagem: “Oi! Falei com você hoje. Desculpa, mas fiquei curioso por conta da sua voz”. Ao identificar o funcionário, Ana respondeu que considerava o ato invasivo e ameaçou processá-lo.
A NET, em nota, também disse que “tomará todas as medidas cabíveis para apurar, identificar e afastar sumariamente qualquer colaborador ou prestador de serviço que faça uso indevido de informações pessoais, confidenciais e sigilosas dos clientes”.
A empresa informou ainda que os colaboradores envolvidos em atividades de atendimento ao cliente têm acesso aos dados “estritamente necessários para executar suas funções, sempre de forma individualizada e rastreável”.
A também jornalista Bárbara dos Anjos Lima conta que, no início deste mês, recebeu mensagens no WhatsApp de um técnico da NET que havia visitado sua casa para instalar um roteador de internet. “Na hora, não me senti acuada, dei até risada. Mas depois, parando para pensar, ele tem todos os meus dados, até meu endereço”, conta. “O que assusta é como essas empresas estão liberando os dados dos clientes sem orientação. O WhatsApp é algo novo, talvez seja a hora de pensar em uma nova política ou ajustar o código de conduta para os funcionários.”
No caso do publicitário Pietro Brugnera, o assédio partiu de uma funcionária da Vivo, outra empresa de telecomunicações. No final do ano passado, ele entrou em contato para solucionar um problema com a internet e em seguida recebeu uma mensagem no WhatsApp. “Me senti muito invadido. Liguei para resolver um problema, não para criar outro”, disse Brugnera, que na época não contatou a empresa, mas só solicitou a gravação da conversa depois de ler a denúncia de Ana.
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