O presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Jerson Kelman, disse há pouco que as previsões hidrológicas atuais são melhores que as desenhadas no ano passado e no início do ano, mas ainda estão abaixo da média histórica.
Lembrando que assumiu a direção da companhia justamente em janeiro passado, quando o cenário era muito pessimista, Kelman disse que este “foi um ato de coragem” porque a situação era muito séria. Ele reiterou que os projetos que a companhia está desenvolvendo para enfrentar o que chama de “deserto de 2015” estão em andamento, mas evitou dizer que isso será suficiente para evitar um potencial rodízio. “Ninguém tem bola de cristal”, disse.
O presidente da Sabesp disse que, se houver rodízio, seria um “sacrifício grande para a população” e lembrou que a companhia já identificou locais que não poderiam sofrer com a medida, como grandes hospitais, centros de hemodiálise e presídios, superando 460 pontos. Ele ressaltou que a companhia está realizando obras para a ligação desses locais com grandes troncos de abastecimento para garantir o fornecimento ininterrupto. “Para escolas não tem solução possível”, disse, considerando o grande número de unidades.
Ele reforçou que o cenário-base traçado pela companhia para este ano considera uma afluência de 80% do registrado do ano passado, que foi o mais seco em 84 anos, e três principais projetos em desenvolvimento, como a ligação da Billings com o Alto Tietê para transferência de água, que ficam prontos até agosto. “É uma hipótese conservadora”, disse, mas considerou que podem haver contratempos, como liminares que paralisem as obras.
De acordo com ele, os projetos escolhidos para enfrentar o “deserto de 2015” foram selecionados com base no prazo mais curto de execução. “Estamos fazendo o que foi possível, não o melhor”, comentou. De acordo com ele, existem alternativas mais atraentes, como buscar água da chamada vertente Atlântica, formada por rios que se direcionam ao mar e que poderiam ser bombeados para alimentar os reservatórios do Alto Tietê ou Guarapiranga. “Fiquei interessado (nessa solução) porque são obras simples, com bombeamento relativamente curto de 5 a 10 quilômetros, mas tem dificuldade de licenciamento ambiental.”
Kelman também disse que são injustas as críticas que apontam a falta de planejamento como responsável pela crise hídrica em São Paulo. A exemplo do governador paulista, o tucano Geraldo Alckmin, Kelman disse que a grave seca é a responsável pelo atual cenário, que vem sendo administrado pela gestão estadual.
O presidente da Sabesp comentou ainda sobre o exercício de ocupação realizado ontem pelo Exército na sede da estatal paulista. Ele disse que foi consultado sobre a ação. “Demos permissão, não dei ordem e a Sabesp não foi invadida pelo exército”, disse.
Kelman proferiu uma palestra no Instituto Fernando Henrique Cardoso, nesta tarde, em São Paulo.
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