O incêndio nos tanques de combustíveis da Ultracargo, na área industrial do bairro da Alemoa, em Santos, litoral de São Paulo, voltou a sair do controle. O Corpo de Bombeiros informou, no início da tarde deste sábado, que o perímetro de resfriamento foi rompido e as chamas atingiram o sexto tanque de armazenamento de combustíveis, este com gasolina. Agora, quatro unidades contendo etanol e gasolina estão queimando. Em outros dois tanques, as chamas se extinguiram depois que o combustível foi totalmente queimado. O trabalho de combate às chamas, que começou pouco depois das 10 horas de quinta-feira, ainda não tem previsão para terminar.
Pela manhã, uma reunião entre representantes do Corpo de Bombeiros, Prefeitura de Santos, Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), Polícia Militar, Guarda Portuária e Ultracargo definiu que a estratégia de combate às chamas será mantida. Com a extinção do fogo em dois tanques, os bombeiros conseguiram se aproximar um pouco mais e estavam fazendo o resfriamento dos tanques vizinhos quando ocorreu a nova explosão. Novamente, a área de isolamento teve que ser ampliada.
A nova cécula de combustível atingido possui três tanques. Além do tanque de gasolina que explodiu nesta tarde, há um de etanol e outro que, segundo a empresa, está vazio. Em nota, a empresa confirmou a nova explosão:
“A Ultracargo informa que o incêndio em parte de seu terminal em Santos atingiu mais um tanque, totalizando quatro neste momento. O quarto tanque é vizinho à área originalmente afetada e contém gasolina. Na mesma bacia de contenção há ainda mais dois tanques. Um deles está vazio e o outro contém etanol”, afirma a nota
No momento, os bombeiros aguardam a estabilização do novo foco de incêndio para retornar ao combate às chamas. Eles utilizam água e uma espécie de espuma. Cem homens com auxílio de 20 carros e o navio-tanque Governador Fleury seguem trabalhando no local. Caminhões-pipa da Sabesp também estão dando apoio as equipes.
Causas e efeitos
Técnicos da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) ligada à secretaria do Meio Ambiente, estão monitorando o local. Segundo os técnicos, até o momento não existem indícios de grande impacto ambiental, embora alguns peixes mortos tenham surgido em riachos próximos ao local. Mesmo assim, ainda não é possível afirmar que o incêndio tenha causado a morte dos peixes.
A Prefeitura de Santos enviou mensagens de texto a 466 mil celulares e telefones fixos cadastrados. Na mensagem, os moradores eram avisados que o incêndio estava sob controle e a Cetesb monitora permanentemente a qualidade do ar.
O delegado Gaetano Vergine afirmou que apenas depois que o fogo se extinguir a polícia vai começar o trabalho de investigação para apurar as causas do incêndio.
Embora durante a madrugada deste sábado moradores tenham relatado aumento das labaredas, a assessoria de imprensa dos bombeiros informou que a situação está “mais controlada do que nos dias anteriores”.
O incêndio começou em um tanque de etanol e se alastrou para outras três unidades de armazenamento de combustível na região do Porto de Saboó. Na sexta, um quinto tanque foi afetado. Os tanques pertencem à empresa Ultracargo e continham entre 5 milhões e 10 milhões de litros de etanol, gasolina e diesel.
Ao perceber que, mesmo com o uso de um navio-tanque, a água evaporava antes de alcançar os tanques em chamas, os bombeiros passaram a concentrar os esforços em resfriar os demais tanques para evitar que o fogo se espalhasse. A temperatura chegou a 800ºC, e as chamas atingiram 50 metros de altura.
Na quinta-feira pela manhã, duas pessoas foram levadas ao hospital mais próximo, uma delas com intoxicação e outra em estado de choque. Um duto da Ultragás, vizinho ao local do acidente, chegou a ser inspecionado, mas ainda não se sabe se foi atingido. Um trecho da rodovia Anchieta, perto do local, foi interditado para evitar riscos.
Em nota, a Ultracargo informou que as operações de resfriamento dos tanques vizinhos à área afetada pelo incêndio “continuará sem interrupção”.
“A estrutura dos tanques atingidos pelo fogo foi severamente afetada, o que torna mais complexa a operação de contenção do incêndio. Quinze pessoas foram atendidas no local e liberadas de imediato. Não há vítimas ou feridos entre os funcionários da companhia e equipes de combate ao incêndio”, diz o comunicado.
A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) informou que a área atingida fica fora da região do sistema portuário de Santos. A empresa informou que a área é privada e administra por ela. De acordo com a Ultracargo, os tanques atingidos pelo incêndio armazenam etanol e gasolina e ficarão “queimando até o final das chamas”. Na quinta-feira, em nota, o presidente da empresa, Ricardo Catran, disse que “é prematuro ainda qualquer afirmação sobre as causas” do incêndio.
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