A transparência na relação com os leitores é uma das marcas que a Gazeta do Povo mais busca reforçar. Por isso, num momento em que o veículo passa por uma transformação, a diretora da Unidade Jornais do Grupo Paranaense de Comunicação (GRPCom), Ana Amélia Cunha Pereira Filizola, explica como o processo de mudança foi pensado e as novas fases vivenciadas pelo jornal às vésperas de completar 100 anos.
O que os leitores podem esperar do jornal a partir de 1.º de dezembro?
É uma transformação que vem sendo trabalhada nos últimos cinco anos. O primeiro impacto é realmente um design novo, com a mudança para o berliner, com mais mobilidade, adequado aos tempos modernos, que pedem agilidade. Queremos que os momentos aproveitando a Gazeta sejam prazerosos e agradáveis. Também percebemos diferentes modos de consumo do jornal. Nos dias de trabalho, a leitura é mais apressada. Nos fins de semana, há o leitor que consegue levantar um pouco mais tarde e a pessoa que precisa fazer tudo o que não deu tempo durante a semana, como ir ao mercado. Para esses dois perfis, vamos oferecer a edição de fim de semana, que vai chegar na casa do assinante no sábado de manhã, mas sem aquela urgência da leitura rápida. Será uma leitura para ser degustada durante todo o fim de semana.
O que motivou a mudança?
A nossa preocupação, em primeiro lugar, é atender às necessidades do leitor. Esse leitor está em transformação, como a Gazeta também está. A gente acompanha o dia a dia dele, com pesquisas profundas, e percebe que a vida está em transformação, é mais ágil. Estamos acompanhando essa mudança.
As alterações têm viés econômico?
Somos uma empresa que precisa de saúde financeira e dar resultado aos clientes. A gente visualiza que é um bom momento de uma economia no papel, migrando para um formato que agrada aos leitores. Esse projeto vem sendo trabalhado há três anos, quando não tínhamos a perspectiva do aumento expressivo do dólar. Como o preço do papel é influenciado pela moeda norte-americana, foi um bom momento para repensar a impressão. A decisão também segura aumentos que teríamos de passar para o produto.
Haverá redução de conteúdo?
Essa sempre foi uma preocupação e aí os nossos jornalistas estão de parabéns, pois estão trabalhando fortemente, se reeducando para trazer a mesma qualidade da informação com um pouco mais de objetividade, mas sempre contando uma história. O jornalista não pode perder aquilo que o faz diferente: é um contador de histórias.
O formato interfere na leitura?
As casas não são mais tão grandes. As cozinhas não são mais enormes. A gente está entregando um produto que possa ser lido em qualquer lugar. Uma leitora comentou comigo que vai conseguir ler a Gazeta em pé e não mais encostada numa mesa. Essas são as diferenças de primeiro impacto, mas elas são mais profundas do que só a parte do design, que facilita a leitura no avião, no ônibus...
Migrar para o berliner é uma tendência?
Todas as empresas estão se adaptando ao momento que estamos vivendo. Não vou dizer que é uma tendência total e que nenhum outro jornal será standard, porque varia de acordo com a cultura de cada cidade e de cada leitor. Há cinco anos, apenas metade dos nossos assinantes gostaram do novo formato; há dois anos, 98% adoraram. Ou seja, depende de cada jornal, de cada região e do momento. Mas, se fosse fazer um olhar para o mundo, diria que é uma tendência.
O que o leitor ganha com a edição de fim de semana?
A sensação de que a Gazeta do Povo pensou nele a semana inteira. Os jornalistas estão trabalhando com a ideia do leitor que quer as informações para o dia a dia e também para entender o nosso mundo neste momento de tantas indefinições e incertezas. A Gazeta será um porto seguro que dará a ele a opção de fazer escolhas com mais calma, da escola dos filhos e tendências de comportamento aos rumos da política. É um jornal mais analítico.
Havia muita reclamação dos assinantes que recebiam a edição apenas no domingo?
Sim. A gente começou a vender a edição de domingo antecipadamente para aquele leitor que queria fazer negócios e já conseguia ver no sábado as ofertas de imóveis, automóveis e outros serviços. Mas tinha o assinante que dizia “o meu jornal já está circulando no sábado e eu só recebo no domingo”. A gente sempre explicou que eram jornais diferentes e que a Gazeta que chegava aos assinantes era mais completa, com o noticiário do sábado. A edição de fim de semana também resolve essa questão.
Há perspectiva de a edição impressa acabar?
Enquanto o leitor nos quiser no impresso, vamos entregar esse produto. Não somos só um jornal impresso. Somos um jornal que traz informações em muitas plataformas. O que nos move mais é trazer a melhor informação possível, que seja capaz de ajudar o nosso leitor nas tomadas de decisão. O nosso objetivo é dar a visão do mundo para o leitor do Paraná. Cabe a nós jornalistas ajudá-lo a hierarquizar o que é importante para ele, seja nas questões locais, nacionais ou mundiais.
Hoje a Gazeta é o quinto jornal mais lido do Brasil entre os quality papers. Onde espera chegar?
A gente acredita que há um espaço para crescer na nossa cidade, no nosso estado e também, em alguns temas, no nosso país. A gente pode prestar um bom serviço na análise de temas nacionais e internacionais. Conteúdos produzidos pelo Agronegócio, Viver Bem, Haus e Bom Gourmet trazem temas que são nacionais, que atraem o público que não está regionalizado. A temática atravessa fronteiras e então podemos crescer bastante e estamos crescendo. No primeiro semestre deste ano, em relação ao semestre do ano passado, a audiência da Gazeta do Povo cresceu 61%. E são vários os fatores que motivaram isso: a competência dos nossos jornalistas, as mudanças em sistemas internos que nos permitiram melhor tagueamento para o digital e também os fatos, como a Lava Jato acontecendo em Curitiba e outros que colocaram o Paraná em evidência.
Como o jornal está se relacionando com esse público que busca a informação sem amarras geográficas?
A gente tem certeza de que o mundo digital trouxe para nós um rompimento de fronteiras que é muito saudável. A gente tem de fazer um bom jornalismo, com qualidade nas escolhas. Então o olhar do jornalista deve ser sempre pelo ser humano, porque aí as fronteiras não são limites. Elas nos expandem.
A Gazeta do Povo está prestes a completar 100 anos, em 2019. Em que momento o jornal está?
Não nego que o setor passa por um momento difícil e complexo. Todos os setores da nossa sociedade estão sendo profundamente transformados por mudanças de comportamento e de tecnologias. Acreditamos que estamos passando por esse momento para chegar a um lugar melhor. E a Gazeta estará liderando esse processo no Paraná, a caminho de mais 100 anos.
O que esperar da Gazeta nos próximos anos?
O que o leitor precisa saber é que a Gazeta vai estar sempre ao seu lado, alertando, alegrando, informando, entretendo. É nosso papel e está no nosso DNA. Em que plataforma, se no relógio, se no corpo, se nos óculos, não consigo dizer. Mas a certeza é de que vamos estar lá, fazendo parte dessa sociedade e da vida dos nossos leitores.
Ampla audiência
Com 3,8 milhões de leitores por mês, a Gazeta do Povo é o quinto jornal mais lido do país entre os quality papers – grupo que exclui populares e esportivos. A Gazeta se coloca à frente de veículos de mercados tradicionais, como Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal. Pela métrica única desenvolvida por um conjunto de jornais brasileiros, as maiores audiências pertencem a Folha de S. Paulo, O Globo, Estado de S. Paulo e Zero Hora.
Conteúdo exclusivo
As revistas publicadas pela Gazeta do Povo (Bom Gourmet, Haus e linha Viver Bem) serão exclusivas para os assinantes. Assim como alguns colunistas – como Miriam Leitão, Elio Gaspari e Luis Fernando Verissimo – são apenas para a versão impressa. Ou seja, além de receber o jornal em casa e contar com as vantagens do Clube Gazeta – como promoções e descontos em shows, cinema e restaurantes –, quem escolhe receber a edição impressa também terá conteúdos exclusivos.
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