O novo secretário de Saúde de Curitiba, César Titton, afirmou nesta sexta-feira (31) que vai assumir o cargo com o desafio de consolidar os avanços na saúde básica. Uma das metas é ampliar o número de médicos nas unidades básicas de saúde e aumentar o número de equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF). Outro objetivo é aprimorar a comunicação com a sociedade. Segundo ele, é necessário que a própria secretaria informe à população como funciona o Sistema Único de Saúde (SUS).
Pasta trabalha com déficit de R$ 200 milhões, diz ex-secretário
Em um dos seus últimos discursos como secretário de Saúde de Curitiba, Adriano Massuda realizou um balanço dos dois anos e meio em frente à pasta. Segundo ele, historicamente, a secretaria sempre trabalhou com um déficit de R$ 200 milhões anuais para poder realizar novos investimentos. Em 2013, a verba para o setor foi de R$ 1,1 bilhão e para o próximo ano deve ser R$ 1,6 bilhão. “55% desse valor é oriundo do governo federal e 45%, do municipal. Nossa rede custa mais caro do que poder público pode bancar”, afirmou.
Massuda ainda disse que, apesar dos avanços, há muito a ser feito para melhorar o SUS na cidade. “As especialidades talvez sejam o maior desafio do SUS em todos os locais. Hoje o grande desafio são as consultas com ortopedia e cardiologia. É um problema que buscamos solucionar”, relatou.
Ele ressaltou que o aumento do número de equipes da Saúde da Família foi um dos grandes objetivos alcançados. “Grande parte dos problemas de saúde podem ser resolvidos na saúde básica. Melhoramos a saúde básica e ainda precisamos e podemos avançar”, salientou.
Massuda deixará o cargo para assumir a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde.
O novo secretário
Integrante do quadro de servidores de carreira da Prefeitura de Curitiba desde 2006, o novo secretário César Titton é formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ele optou pela Medicina de Família e desde que entrou na rede pública de Curitiba atuou na Unidade de Saúde Umbará 1. Só deixou de atuar unidade em 2013, quando recebeu convite para compor a equipe de gestão da Secretaria Municipal de Saúde.
“Isso deve reduzir a fila de espera e agilizar o atendimento. Essa preocupação em aprimorar a comunicação tende a fazer com que o usuário seja um partícipe da gestão da saúde”, aponta Titton, que assumirá oficialmente o cargo na próxima semana.
Titton afirma que ao longo deste semestre será realizado um dimensionamento de todas as equipes das 109 unidades de saúde com o intuito de apontar onde há necessidades de mais médicos e onde pode ser viável aumentar o número de equipes ESF. Desde que a nova gestão da prefeitura assumiu, em 2013, o número de unidades com a ESF aumentou de 55 para 65. O número de equipes aumentou de 185 para 252, já que o número de equipes varia conforme a população local atendida pelos postos de saúde.
As equipes da Saúde da Família são formadas por médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de saúde e dentistas que atendem a comunidade nas unidades de saúde ou nos domicílios. Essas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, que estão localizadas em uma área geográfica delimitada. “A gente tem a meta de ampliar o número de equipes. Também há unidades que não tem ESF e que precisam de médicos”, afirma. Essa falta de médicos deve ser sanada com a nomeação de 60 médicos que já prestaram concurso público. “Os novos profissionais devem assumir ao longo deste semestre”, salienta.
Inovações
Outra meta de Titton é ampliar e aprimorar as inovações em saúde. Um exemplo é o Telessaúde, lançado no ano passado. O serviço corresponde a uma plataforma que permite aos médicos das unidades básicas trocar informações, via internet, com especialistas do Hospital das Clínicas (HC), para tratar casos com neurologistas.
“Esse serviço tem o objetivo de aumentar a resolução dos casos na própria unidade básica. Queremos aprimorar e ajustar esse serviço para outras especialidades”, relata o novo secretário. Essa política, segundo ele, de fortalecer a rede básica visa diminuir a fila de espera para consultas com especialistas e a procura por atendimentos em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), que são focadas em atender casos de urgência. Segundo ele, 60% dos casos atendidos em UPAs poderiam ser tratados em unidades básicas.
Também, de acordo com ele, devem ser realizadas ações integradas com outras secretarias. “Para funcionar o sistema precisa de serviços em todas as frentes. É preciso uma ação coordenada para podermos ter o melhor resultado possível”, diz.
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