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Quatro médicos viveram na casa eclética da Lapa e, por causa disso, os vidros e janelas tiveram pouco sossego durante a madrugada. "Como o meu quarto ficava voltado para a rua, de madrugada sempre tinha um que batia na janela e pedia ajuda", conta Sérgio Leoni, filho de um dos médicos que foi proprietário da residência. A Lapa, no início do século 20, não tinha pronto-atendimento 24 horas, por isso os moradores recorriam ao médico em sua própria residência quando havia alguém enfermo. Não importava a hora.

Um dos cômodos da casa, por muitos anos, foi o consultório particular dos médicos Eduardo Santos Lima, Aluysio Passos Leoni, Luiz Corrêa de Lacerda e Pedro Passos Leoni. Cada um em um período de tempo. A maca ginecológica antiga, usada por eles, está até hoje na casa e fará parte de um museu da medicina que Sérgio Leoni pretende montar no local, contando a história dos médicos que trabalharam e viveram ali.

Eduardo foi o médico responsável pela construção da casa – no jardim há uma camélia do mesmo período e uma jabuticabeira que foi plantada um ano depois, em 1914.

Ele começou a clinicar na Lapa em 1906 e teve de enfrentar o problema da falta de tecnologia e medicamentos para doenças como a febre tifoide, a pneumonia, a tuberculose e as afecções renais.

Já Aluysio, que comprou a casa de Eduardo depois que ele foi morar em Curitiba, teve de cumprir sua função de médico mesmo estando acamado. Relatos de David Carneiro mostram que Aluysio foi atender uma paciente, que fazia questão de vê-lo, para saber o que ele poderia fazer por ela. Tinham-lhe dado o diagnóstico errado e dito que ela deveria passar por uma cirurgia. O médico se levantou da cama e foi vê-la: precisou apenas colocar o maxilar da doente no lugar.

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