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Após a instauração da Ditadura Militar, em 31 de março de 1964, uma nova conjuntura política foi implantada. Uma medida, característica ao novo regime, foi a "operação limpeza", que cassou personagens empossados, democraticamente, em cargos políticos e perseguiu lideres sindicais, estudantis, jornalistas e intelectuais que se opunham ao sistema.

O projeto "Brasil: nunca mais" cita que cinco maringaenses foram processados (em verdade, alguns foram perseguidos e abandonaram o cargo e evadiram-se da cidade para evitar a prisão). Pesquisas, porém, mostram que seis foram as pessoas perseguidas. Eram elas: Antônio Cecílio, Bonifácio Martins, Cézar e Salim Haddad, José Lopes dos Santos e José Rodrigues dos Santos.

Naquele momento, personagens da elite empresarial de Maringá foram "convidados" a se posicionar com relação a alguns suspeitos. Manoel Mário de Araújo Pismel, então presidente da Associação Comercial de Maringá, recebeu uma listagem de pessoas, incluindo Dom Jaime Luiz Coelho, então bispo da cidade. Era papel de Pismel fornecer informações sobre aqueles que eram sondados pelo Departamento de Ordem Política e Social, o Dops.

As organizações de esquerda de Maringá começaram a ganhar corpo no final de 1965. Foi a União Estudantil que passou a encampar a luta armada revolucionária. Reginaldo Benedito Dias cita que "um núcleo de estudantes se encontrava organizado em um Centro Cultural, sediado na Biblioteca Municipal e outro era oriundo do Colégio Gastão Vidigal, iniciado na política pelo trabalho de promoção social realizado por uma freira, a Irmã Jeanne."

Sem dúvidas, a organização que gerou grande impacto para a elite militar na cidade foi a Ação Popular (AP). Implantada em Maringá no ano de 1968, a AP articulou a greve na Companhia Norpa Industrial, ocorrida em outubro daquele mesmo ano. O objetivo era executar uma greve geral na cidade, que iria ser disseminada por outras categorias. Dom Jaime Luiz Coelho chegou a mediar o conflito entre os manifestantes e a polícia.

A paralisação não se espalhou como esperado. Contudo, foi um dos maiores enfrentamentos da extrema esquerda de Maringá contra o Regime Militar. A Maringá do período Militar (1964-1985) ainda é um assunto que necessita ser mais bem pesquisado e debatido. Personagens ainda são desconhecidos. Fatos não citados, aos poucos, estão vindo à tona.

Fonte:Reginaldo Benedito Dias - Citações diversas / Acervo Maringá / Anuário de Maringá - Ano VII Nº 7 – 1969

Miguel Fernando escreve aos sábados na Gazeta Maringá. Ele é bacharel em Turismo e Hotelaria e especialista em História e Sociedade do Brasil. É instituidor do Projeto Maringá Histórica, o qual se estende na coluna publicada na Gazeta Maringá e em outra, produzida para a Revista ACIM

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