O ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por 52 estupros e atentado violento ao pudor, foi preso nesta terça-feira (19) no Paraguai. Ele foi detido em uma rua do bairro Villa Morra, em Assunção, capital do Paraguai. Agentes da Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad) interceptaram Abdelmassih no momento em que ele iria almoçar com a mulher e os filhos.
O ex-médico não mostrou resistência no ato da prisão. Apenas chorou e pediu distância da imprensa, segundo o chefe de Comunicação da Senad, Francisco Ayala. Logo após ser detido, Abdelmassih foi expulso do país por não portar documentos e estar infringindo a Lei de Migração do Paraguai. Ele está levado para Ciudad del Este, fronteira com Foz do Iguaçu, ainda nesta terça. Ele será entregue à Polícia Federal na Ponte da Amizade, via que liga os dois países. Ayala disse que Abdelmassih foi preso após um trabalho de inteligência feito entre a polícia paraguaia e a Polícia Federal brasileira. Ele vivia no Paraguai há cerca de três meses, segundo a polícia, em uma luxuosa residência situada no bairro San Cristóbal. Morava com a mulher, uma brasileira de 36 anos, e dois filhos pequenos.
Abdelmassih estava foragido desde janeiro de 2011. Condenado em novembro de 2010, ele liderava a lista de procurados da Secretaria da Segurança de Pública de São Paulo.
Quem o encontrasse Abdelmassih poderia levar R$ 10 mil, o maior valor oferecido pela pasta. A prisão ocorreu no início da tarde desta terça, numa ação da Polícia Federal brasileira e da polícia paraguaia.Não foi informado em qual cidade o médico foi preso.
O médico foi localizado com a ajuda do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo. Por meio de uma escuta telefônica, o órgão obteve a informação de que ele poderia estar no Paraguai e repassou a dica para a Polícia Federal.
Uma equipe de dez policiais federais foi enviada à capital paraguaia. Com a ajuda da polícia local, conseguiram descobrir o paradeiro e prender Abdelmassih.
Não foi informado em qual cidade o médico foi preso.
Ele será deportado sumariamente pelas autoridades paraguaias por também estar na lista de procurados da Interpol. Ele deve chegar às 17h em Foz do Iguaçu, Oeste do Paraná. Ainda não está definido quando o médico será levado a São Paulo.
Entenda o caso
Roger Abdelmassih foi denunciado pela primeira vez ao Ministério Público em abril de 2008, por uma ex-funcionária dele. Depois, diversas pacientes com idades entre 30 e 40 anos bem-sucedidas profissionalmente disseram ter sido molestadas quando estavam na clínica.
As mulheres dizem ter sido surpreendidas por investidas do médico quando estavam sozinhas - sem o marido e sem enfermeira presente (os casos teriam ocorrido durante a entrevista médica ou nos quartos particulares de recuperação). Três afirmam ter sido molestadas após sedação.
Em agosto de 2008, Abdelmassih foi intimado pelo Ministério Público a depor, mas não compareceu. Mesmo assim, o órgão ofereceu denúncia à Justiça, recusada porque a juíza Kenarik Boujikian entendeu que a investigação é atribuição exclusiva da polícia.
Um inquérito foi aberto pela polícia, mas desapareceu do Departamento de Inquéritos Policiais em novembro de 2008. Ele foi encontrado um mês depois, possibilitando o reinício das investigações.
Em junho de 2009, Abdelmassih foi indiciado pela polícia. Na época, a defesa de Abdelmassih afirmou que ele teve seu direito de defesa cerceado e que a Polícia Civil descumpriu a determinação do Supremo.
Segundo um dos advogados do médico, Adriano Vanni, na época, a polícia antecipou o depoimento sem maiores explicações, antes que a defesa pudesse ter acesso às acusações.
Em agosto de 2009, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) abriu 51 processos éticos contra o médico. Os conselheiros do órgão avaliaram que as denúncias eram pertinentes e decidiram pela abertura dos processos. O diploma dele foi cassado definitivamente pelo Cremesp no dia 20 de maio.
Formalmente, Abdelmassih foi acusado de estupro contra 39 ex-pacientes, mas como algumas relataram mais de um crime, há 56 acusações contra ele. Desde que foi acusado pela primeira vez, Abdelmassih negou por diversas vezes ter praticado crimes sexuais contra ex-pacientes. O médico afirma que vem sendo atacado há aproximadamente dois anos por um "movimento de ressentimentos vingativos".
Abdelmassih também já chegou a afirmar que as mulheres que o acusam podem ter sofrido alucinações provocadas pelo anestésico propofol, usado durante o tratamento de fertilização in vitro. De acordo com ele, as pacientes podem "acordar e imaginar coisas".
Em 2010, o ex-médico foi condenado em primeira instância a 278 anos de prisão por uma série de estupros de pacientes. Segundo sua defesa na época, o médico nunca ficou sozinho com suas pacientes na clínica, estando sempre acompanhado por uma enfermeira.
Ele estava foragido desde janeiro 2011, quando a Justiça determinou sua prisão. Ele chegou a fazer pedidos de habeas corpus mesmo durante o período em que esteve foragido, mas foram negados.
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