As vigilâncias sanitárias do Paraná e de Minas Gerais investigam oito mortes de pacientes de hospitais públicos e privados que podem ter sido provocadas por infecção por alimentação intravenosa.
Em todos os casos, ocorridos na semana passada, foi identificada a presença de um mesmo tipo de bactéria na solução parenteral, que é administrada na veia de pacientes que não podem se alimentar e é produzida de forma personalizada, sob encomenda.
Além das oito mortes (seis no Paraná e duas em Minas), outros 33 pacientes internados nesses Estados tiveram complicações, como febre e piora do estado clínico, quando receberam a alimentação.
Hospitais de São Paulo (nas cidades de Itanhaém e Pariquera-Açu) e Santa Catarina (em Lages e Balneário Camboriú) também receberam a nutrição parenteral sob suspeita, segundo a Secretaria de Saúde do Paraná. No entanto, não houve, até agora, notificações de ocorrências nesses dois Estados.
Origem
Três empresas que produziam a solução fornecida aos hospitais (duas em Minas Gerais e uma no Paraná) foram interditadas cautelarmente pelas vigilâncias sanitárias até que se investigue a origem da contaminação.
As empresas têm um fornecedor em comum, a indústria farmacêutica Isofarma, com sede no Ceará. Essa indústria forneceu um dos ingredientes da solução, o gliconato de cálcio, em todos os casos.
Em ação preventiva, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu ontem à noite a comercialização de um lote do gliconato de cálcio da Isofarma. Ainda não foi confirmado, no entanto, se esse lote causou a contaminação.
A empresa, que vende o medicamento para o país inteiro, afirma "ter certeza" de que a infecção não foi causada pelo seu produto.
"Esse produto é liberado com todas as análises em ordem. Temos total confiança de que o produto é bom", diz o gerente da garantia da qualidade da Isofarma, João Paulo Souza. "Não existe nenhum indício de problema com esse produto, nada foi reclamado."
Causa mortis
De acordo com as vigilâncias sanitárias, não há como saber por enquanto se a bactéria presente nas soluções parenterais provocou, de fato, as oito mortes investigadas.
"Os pacientes já tinham casos clínicos graves", afirma o médico infectologista Moacir Pires Ramos, diretor de epidemiologia da Secretaria de Saúde de Curitiba.
Amostras dos pacientes que morreram estão sendo analisadas por laboratórios. Caso seja detectada a presença da bactéria, ainda será preciso realizar uma avaliação clínica para saber se ela pode ter, de fato, provocado as mortes.
Os nomes e idades das vítimas não foram divulgados.
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