Passageiros sofrem com a falta de informação
O grande volume de atrasos e cancelamentos nos voos do Aeroporto Afonso Pena nesta quinta-feira tem causado muitos transtornos para os passageiros que estão no terminal. A dona de casa Fernanda Ferreira, de 31 anos, embarcaria para Londrina, onde visitaria o pai, com os filhos de 4 anos e seis meses. O voo da Tam deveria partir às 10h32, mas até 11h15 o avião nem havia chegado ao aeroporto Afonso Pena. Fernanda conta que ela e a família chegaram a entrar na sala de embarque. Eles passaram pelo raio-x, mas não tiveram as bagagens revistadas manualmente.
Quando a companhia informou que não havia previsão de horário para a chegada da aeronave, eles deixaram o local para fazer um lanche. A última informação que foi repassada pela empresa é de que o avião que fará o voo até Londrina estaria saindo do Aeroporto de Congonhas e deveria chegar em Curitiba até as 13h.
Segundo a assessoria de imprensa da Tam, a operação da companhia está normal nesta quinta-feira.
Uma operação padrão da Polícia Federal (PF) fiscalizou as bagagens de todos os passageiros que saíram de Curitiba utilizando o Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, da meia-noite às 11 horas da manhã nesta quinta-feira (9). A ação foi comunicada pelo comando de greve da categoria e provocou atraso em 53,3% dos 45 voos programados para deixar o terminal no período. Também foram registrados onze cancelamentos. Em nível nacional, o índice de atraso de voos no mesmo intervalo foi de 5,8%.
Segundo o boletim de operação do aeroporto das 14 horas, o Afonso Pena ainda tinha seis voos com atraso no momento, ou 9,5% dos 63 programados para o período. No total, 40 voos sofreram atrasos e 14 foram cancelados até {as 14h.
Até as 10h30, a Infraero negou a realização da operação diferenciada no aeroporto. Após confronto com os números de atrasos, a assessoria de imprensa da estatal afirmou que são "vários fatores" que podem retardar a partida de uma aeronave, mas admitiu que tinha conhecimento da ação dos policiais federais e disse que não se pronunciaria sobre o assunto.
Antes da confirmação por parte da administradora do terminal, um funcionário da supervisão do aeroporto disse que o rigor na revista de todos os passageiros que saem - e de alguns que chegam - causou uma superlotação de aeronaves no pátio, o que impediu temporariamente o pouso de voos provenientes de outras partes do País.
O presidente do Sindicato dos Policiais Federais no Estado do Paraná (Sinpef-PR), Fernando Augusto Vicentine, disse que a operação de hoje pode ser repetida em outros momentos no terminal. O objetivo, segundo ele, é alertar à população de como deveria ser a vigilância no aeroporto.
"Por falta de pessoal, não temos como de fiscalizar todo o fluxo, então você imagine o que acaba passando por nossa falta de estrutura", disse.
Segundo o sindicalista, o efetivo normal no Afonso Pena é de apenas nove agentes, sendo dois por turno. O efetivo extra, afirmou, é composto de agentes que não atuam no aeroporto. Em todo o Paraná, de acordo com Vicentine, há 700 policiais federais. Ele defende que esse número deveria ser elevado entre 30% e 35%.
Além do Afonso Pena, há operações padrão sendo realizadas em outros quatro pontos do Paraná: Ponte da Amizade e Balsa do Salto de Guará, ambas na fronteira com o Paraguai; Ponte Tancredo Neves, na fronteira com a Argentina; e BR-277, na altura de Cascavel.
Empresas lamentam atrasos
As principais companhias que operam no terminal paranaense confirmaram que tiveram alguns transtornos por causa da operação padrão. A assessoria de imprensa da Tam informou que, apesar da greve, a operação da companhia era normal. Mesmo assim, alguns voos sofreram atrasos superiores a uma hora nesta manhã.
A Gol confirma que a ação da PF interferiu na operação, mas a empresa informa que segue as normas da Anac no sentido de prestar assistência aos passageiros. Já a Azul Linhas Aéreas informou que dois voos, que faziam as rotas entre Curitiba e as cidades de Campinas e Porto Alegre, sofreram atrasos superiores a 60 minutos e outro voo, para São José dos Campos, foi cancelado, por conta da operação padrão. A Webjet foi procurada pela reportagem, mas não havia dado nenhum retorno.
Apreensão
No balanço feito pelos grevistas até as 9 horas, a operação padrão realizou a apreensão de 6 mil comprimidos de ecstasy na mala de uma pessoa que tentava embarcar para Belo Horizonte. Segundo informação da PF, na capital mineira, ele faria uma escala para chegar à Goiás, destino final da carga.
No Paraná, operações-padrão, com fiscalizações detalhadas, são realizadas ainda em Foz do Iguaçu, Guaíra e Cascavel. No Porto de Paranaguá, uma fila de navios que tenta aportar se forma pela vigilância detalhada da documentação das cargas.
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