Brasília A oposição ao governo no Congresso não aceitou bem a notícia do pedido de afastamento do ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Para a oposição, o ministro deveria ter pedido demissão, e não apenas o seu afastamento do cargo, o que lhe garante foro privilegiado.
"Se é um afastamento, é mais uma prova de que o ministro está com receio das conseqüências jurídicas do seus atos enquanto prefeito de Ribeirão Preto", disse o presidente nacional do PFL, o senador Jorge Bornhausen (SC).
As notícias sobre a saída de Palocci foram desencontradas. A nota oficial divulgada pelo ministério da Fazenda aponta o pedido de afastamento do cargo, o que não é a mesma coisa que exoneração. Com o afastamento, ele mantém o foro privilegiado.
Para o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), não se trata de um simples afastamento, mas de uma demissão real. "Quem derrubou o ministro não foi a oposição. Foi a sociedade, foi o caseiro", afirmou. O "caseiro" é Francenildo dos Santos Costa, que trabalhou na mansão do Lago Sul alugada por ex-assessores de Palocci e denunciou reuniões com distribuição de dinheiro, freqüentadas por Palocci.
Na opinião do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Antonio Busato, se a saída do ministro for apenas um afastamento, e não a demissão, a solução dada pelo governo é "condenável". "Seria aí uma tentativa de preservação do ministro, sem que sejam atendidos os anseios da população. A quem interessa o afastamento do Palocci? Ao povo? Certamente que não. Um afastamento só interessa ao ministro", afirma Busato. Segundo ele, nesse caso, a OAB deverá, inclusive, estudar medidas judiciais cabíveis para condenar a ação.
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