Um dos caminhos para resolver o problema da violência na sala de aula são os brinquedos. A opinião é do educador e filósofo Rubem Alves, um dos maiores pensadores da educação no Brasil. Para ele, o brinquedo tem um sentido amplo e se refere a tudo o que nos faz felizes. Assim, aumentaria a identificação do estudantes com a escola. O objetivo da educação é fazer a inteligência funcionar. Para isso, os professores devem aliar os brinquedos à técnica, porque são estimulantes. Ele participou do 12º Fórum Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, em Curitiba. "Para que serve a música, a arte, a pintura?", questiona. "São essas coisas nos fazem felizes. É preciso levá-las para a sala de aula".

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O que pode ser feito para solucionar a violência na escola?

Você me pergunta o que fazer para resolver a questão da violência. Se eu tivesse uma resposta seria o homem mais feliz do mundo. A verdade é que a violência tem sido uma constante na escola. Acho que a primeira coisa a se fazer é os professores assumirem esta responsabilidade. Porque o que acontece sempre é que quando os professores veem as crianças e adolescentes envolvidos em coisas de adolescentes eles dizem: "Isso não tem nada a ver comigo, eu não tenho responsabilidade". Mas todos os professores têm responsabilidade. Então é preciso que as escolas assumam uma postura de responsabilidade diante disso.

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Por que esse tema se tornou tão constante nos últimos tempos? Há uma correlação direta com o tipo de ensino?

Muito da violência que acontece na escola, a meu ver, se deve ao fato de que as escolas não fazem sentido para a vida dos adolescentes. Eles vivem em situações marginais. O que são aqueles conteúdos da escola? O que fazem com a vida deles? São ferramentas que servem para quê? Então, na realidade eles já vão para a escola indispostos com aquilo, porque sabem que a escola não significa nada, que estão lá só para tirar um diploma. Então, seria preciso que se pensasse em uma transformação da escola de tal maneira que ela fizesse sentido para a vida das crianças. Não são sugestões policiais, de punição, porque isso não resolve, é preciso uma subordinação das escolas às necessidades das crianças e não o contrário.

O senhor fala sobre a importância do brinquedo em nossas vidas. Se as escolas levassem mais "brinquedos" para a sala de aula, resolveria o problema?

Sim. Eu acho que o brinquedo exige muita disciplina. Por exemplo, para jogar xadrez há a exigência de uma concentração extraordinária. Montar um quebra-cabeça, por exemplo, de mil peças, com uma turma de dez crianças, desenvolve o senso de cooperação e cidadania.

Qual o papel dos pais e da sociedade sobre a questão da violência na escola?

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Eles têm um papel importantíssimo. Mas a maioria dos pais nem sabe o que é educação, não têm nem ideia. É como se tivessem terceirizado a educação, então não é mais responsabilidade deles. Tanto que quando os professores tentam trazer os pais para reuniões na escola, os homens têm uma resistência imensa em comparecer. Geralmente empurram essa responsabilidade para as mães. Eles pensam que nessas reuniões só dirão as coisas erradas dos filhos, mas não percebem que é um projeto educativo do qual são parte.

O senhor diz existir escolas que são gaiolas e escolas que são asas. Há como transformar todas as escolas em asas?

Essa sua pergunta não tem resposta. Isso é uma coisa que só se faz no varejo e não no atacado. (PC)