Quarta-feira, 29 de julho, é dia do aniversário da cidade mais antiga do Paraná. Serão 367 anos de existência. Esperamos, como os parnanguaras lá nascidos ou que tenham adotado a cidade como sua, que neste dia a data seja lembrada como sempre foi – louvada e cantada –, pois acreditamos que não apenas os saudosistas na faixa dos 80 anos de idade ou mais entoarão com o mesmo orgulho e entusiasmo estrofes das músicas que embalaram a lembrança cívica do município ao longo dos anos.
Pesquisas históricas muitas vezes podem reservar alguma surpresa e com o hino de Paranaguá, terra onde nasceu o Paraná, não foi diferente.
Em busca de datas
Com música de João Gomes Raposo e letra de Domingos Virgilio do Nascimento, e começando com a frase “Aos nossos mares vieram dantes ...”, o Hymno do Município de Paranaguá foi escrito em 29 de julho de 1910. A adoção da canção como hino oficial do município, com assinatura de Caetano Munhoz da Rocha, então presidente do estado do Paraná, ocorreu pela Lei n.º 188.
Até hoje, a homenagem musical tem sido tão repetida que é só ler “aos nossos” que a maior parte dos parnanguaras é capaz de lembrar todos os versos seguintes– e principalmente o “coro” do hino, cuja letra não escapou ao gongorismo que costuma marcar outros congêneres, a começar pelo hino nacional brasileiro. Letra rebuscada, palavras quase nunca usadas. Experimente o leitor traduzir o hino para um estrangeiro...
Mas Paranaguá não tem apenas um hino. Uma outra canção insiste em existir na memória dos filhos da terra de Gabriel de Lara – homem que em 1646 mandou erigir o Pelourinho, símbolo de poder e justiça dos tempos do Brasil Colonial na cidade.
Com o precioso auxílio de duas musicistas – Helena Soares Gomes da Silva e Maria Helena Mender Nizio –e do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, finalmente chegamos a este segundo hino, por certo tempo caído no esquecimento.
Documento guardado a sete chaves, encontramos no IHGP a Marcha gloriosa, com música do consagrado compositor Benedito Nicolau dos Santos e letra do médico Leocádio Correia, dedicada à Escola Normal de Paranaguá e ao professor Segismundo Antunes Netto, seu primeiro diretor.
Não sabemos quando exatamente “nasceu”, pois o que encontramos, datado de dezembro de 1927, foi uma citação no folheto denominado “Prata de Casa”, publicação de uma editora curitibana da época.
Maria Helena Mendes Nizio
Atual presidente do IHGP, ex-aluna da outra Helena citada acima, é também professora de música e nos ajudou no achado da Marcha. Está preparando uma seleção de composições sobre Paranaguá a ser lançada em breve em CD. Além dos hinos, o pout pourri apresentará músicas de sua autoria e de autores como Nhô Belarmino e Nhá Gabriela.