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caso das agulhas

Padrasto confirma em entrevista que pretendia matar o enteado

O padrasto do menino de 2 anos que tinha dezenas de agulhas no corpo, o ex-ajudante de pedreiro Roberto Carlos Magalhães, é suspeito de colocar os objetos na criança. Ele e outras duas mulheres, também suspeitas de envolvimento, estão presos.

Ele falou ao Fantástico e deu detalhes do que fazia com o menino.

"Colocava um pouquinho de vinho mais forte e água e dava ao menino. Ele bebia e desmaiava. Aí, colocava as agulhas", conta Magalhães. "Fiz isso duas ou três vezes por semana, durante um mês."

Agora, ele não esconde o que fez. Mas quando falou pela primeira vez à polícia, deu outra versão. Um dia depois de ter jurado inocência à escrivã, Magalhães sumiu.

Na quarta-feira (16), graças a uma denúncia anônima, foi descoberto pelo delegado Helder Santana no hospital onde o bebê estava internado.

O caso

A criança foi levada pela mãe ao hospital de Ibotirama, no oeste baiano, no dia 9 de dezembro. Chorava muito. Sem um diagnóstico evidente, os médicos pediram uma radiografia.

"A equipe ficou surpresa. Repetimos o exame, pensando que era problema do raio-X. ninguém pensava que alguém tivesse capacidade de fazer isso em alguém de 2 anos", diz o médico Gilmar Calazans.

As imagens não deixavam dúvidas: o corpo da criança tinha sido perfurado por 31 agulhas de costura.

O padrasto confessou a violência. Segundo a polícia, disse que era tudo um ritual e que duas mulheres o ajudaram. Uma delas é Maria dos Anjos Nascimento, a Bia, de 56 anos. À polícia, ela disse que faz trabalhos religiosos. A outra é a lavradora Angelina dos Santos. Magalhães diz que é amante dela, o que ela nega.

As duas estão presas temporariamente. Negam participação e dizem que a acusação de Magalhães é absurda.

Por causa da revolta da população de Ibotirama, a polícia decidiu transferir Magalhães de cidade. Pouco antes de ser removido, explicou à reportagem do Fantástico qual era seu objetivo: matar a criança.

"Foi ideia de louco mesmo colocar essas agulhas nele. Eu colocava na perna e na barriga dele. Na hora, ele estava dopado. Ia matar a criança. Pobre do coitado", diz o padrasto do menino. "Eu brigava direto com minha mulher. Passava 15, 20 dias de mal com ela e começava a fazer essa palhaçada besta de matar o menino", diz.

Ritual

Magalhães conta que a criança era levada para a casa de Angelina para poder aplicar as agulhas. Sobre a participação de Bia, ele explica: "A Bia trabalhava com os caboclos, com os orixás, para poder fazer isso. Era ela quem preparava o vinho para dopar o menino".

"Foi um sofrimento brabo mesmo. Era para atingir a mãe do menino. Angelina ficava ali junto, segurando no menino, para eu poder colocar as agulhas. Eu achava que as agulhas iam caminhar pelo corpo para matar o menino", diz ele, que achava que ninguém ia descobrir.

E conta que o menino tinha medo dele. "Ele corria, gritava nos braços da mãe que não queria de jeito nenhum quando me via. Eu levava ele para casa e depois para o hospital. Eu falava para o médico que ele estava chorando e depois começava a vomitar. O médico passava o soro. Eu levava ele para casa e fazia a ruindade de novo", diz.

O padrasto vivia com a mãe do menino havia seis meses. Além da criança que foi agredida, ela tem dois filhos com outro homem. Na casa onde a família vivia, a avó materna, Adelicia Souza dos Santos, sofre à espera de notícias. Era ela quem cuidava da criança.

"Ele é como um filho meu. É o menino que eu quero mais bem", diz ela.

Transferida na quinta-feira (17) a Salvador, a criança passou por uma cirurgia de cinco horas. Mas o menino sobreviveu e já respira sem a ajuda de aparelhos na unidade de tratamento intensivo. Quatro agulhas – duas no coração e duas no pulmão – foram extraídas. Eram as mais perigosas. Mais duas cirurgias ainda devem ser feitas para a retirada total das agulhas.

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