Amadeu Ferreira Júnior, pai de Renata, teme pela própria segurança e diz não acreditar na condenação de Barollo| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

Comissão da Câmara deve passar pelo Paraná

A Comissão Externa da Câmara dos Deputados que investiga a atuação de organizações neonazistas no Brasil deve fazer uma diligência no Paraná nos próximos dois meses. O grupo formado por seis parlamentares fará a primeira viagem no dia 13 para Porto Alegre (RS), e também deve passar por Santa Catarina e São Paulo.

Leia a matéria completa

CARREGANDO :)
Veja também
  • Projeto criminaliza revisionismo
  • Deputados criam comissão para apurar crimes de intolerância
  • Acusado de mandar matar casal em festa neonazista sai da cadeia

O projetista mecânico Amadeu Ferreira Júnior, 45 anos, pai da estudante Renata Waechter Ferreira, assassinada em 21 de abril, promete recorrer contra a decisão da 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), que concedeu habeas corpus para o economista Ricardo Barollo, 34 anos, acusado de ser o mandante do crime. Ferreira, que diz temer pela segurança de sua família, pretende ir hoje à Corregedoria-Geral do TJ-PR. Renata, 21 anos, e o namorado dela, Bernardo Dayrell Pedroso, 25 anos, foram mortos a tiros na BR-476, município de Quatro Barras, região metropolitana de Curitiba, depois de uma festa pelo aniversário do ditador alemão Adolf Hitler (1889-1945).

Publicidade

Apesar da tentativa, Ferreira diz não acreditar na Justiça. "Essa palavra não existe. É a imagem de uma mulher vendada e com uma balança, mas que está morta", afirma. "Apesar de todos os documentos, fotos e gravações, não adiantou nada o trabalho da polícia e da promotoria. Eu me sinto um nada, um qualquer na sociedade." Os desembargadores concederam o habeas corpus porque Barollo é réu primário, tem residência fixa e não resistiu à prisão. Ele responderá ao processo em liberdade. Outras cinco pessoas estão presas em Curitiba, acusadas de atrair as vítimas para fora da festa e matá-las a tiros.

Amadeu Ferreira diz que, com a libertação de Barollo, passou a temer pela segurança de sua família. Ele acha também que, em liberdade, o acusado poderá pressionar possíveis testemunhas e interferir no processo. "Ele tinha pessoas marcadas para morrer, por isso passo a temer pela minha segurança. Ele vai tentar pressionar, tentar obter os meios para sair impune", diz o pai de Renata, que não acredita mais na condenação de Barollo. "Quando ele for a julgamento, tudo vai estar esquecido. É capaz de ele ainda sair da história como um herói." Segundo a polícia, Bernardo e Renata foram mortos em uma disputa pela liderança do movimento neonazista no Brasil.

Ferreira conta que nunca percebeu nada de anormal no comportamento da filha única, que estudava Arquitetura, e do namorado, que era estudante de Direito e vivia em Belo Horizonte. Segundo ele, os dois namoravam há três anos. "Vasculhei em tudo, no Orkut dela, no quarto, no computador, e não encontrei nada (que tivesse ligação com o nazismo). Ela nunca falou sobre racismo ou antissemitismo. Quando fui à delegacia e vi o material nazista, fiquei chocado", afirma. "Ele (Bernardo) era uma pessoa comum, nunca falou nada sobre esses assuntos. Me senti traído por ele, que levou a Renata para essa festa. Ela era tudo que eu tinha."