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Curitiba

Pais demoraram, pelo menos, 24 horas para internar bebê violentado

O médico e pediatra Luvercy Rodrigues Filho, chefe do setor de neonatal da Maternidade Mater Dei, em Curitiba, afirmou nesta terça-feira que os pais do bebê de sete dias, que morreu dia 8 de julho, foram negligentes no atendimento da criança.

Segundo o pediatra, a lesão na região do ânus, que provocou a morte do bebê, pelas características do ferimento, foi causada de 24 a 72 horas antes do internamento da criança. "Acredito que a lesão foi provocada na segunda-feira (5) ou na terça(6) e, por negligência, os pais só deram entrada na Maternidade no início da madrugada de quarta-feira (7)", contou o médico.

"Quando sofremos uma fissura, em qualquer região, a lesão apresenta bordas sangrentas até 12h. Depois disso, até 24h após o ferimento, forma uma crosta suave. A partir daí, a lesão fica mais cerosa, mais espessa, mais plasma. Acontece a coagulação. No caso do bebê, ele apresentava necrose (morte celular da região), ou seja, um estágio mais avançado", explica o médico.

Sobrevivência Perguntado sobre a possibilidade de ser evitada a morte do bebê, caso os pais o levassem poucas horas após a lesão, o pediatra informou que não tem como garantir se a criança sobreviveria. "Qualquer lesão que é tratada mais cedo, pode apresentar melhores resultados, mas não posso garantir que o bebê sobreviveria", informou.

Sobre a afirmação dos pais, que em depoimento negaram a autoria do crime e disseram que, "caso a criança tenha sido violentada sexualmente, isso pode ter acontecido no hospital", o médico informou que essa possibilidade não existe.

"Na Maternidade adotamos a seguinte rotina: assim que a criança nasce, ela sai da sala de parto e vai direto para os braços da mãe no quarto. Em nenhum momento essa criança saiu de perto da mãe. As mães é que dão o banho no filho, com auxílio das enfermeiras", explicou o médico.

CoincidênciaA versão do pediatra coincide com o depoimento de outros médicos da maternidade, que também prestaram atendimento ao bebê. Os funcionários do hospital foram ouvidos nesta terça-feira (19) pelo Núcleo da Criança e do Adolescente (Nucria), e segundo a delegada Paula Brisola, responsável pelo caso, "eles afirmaram que a criança já chegou à maternidade com a lesão na região perineal". O inquérito será concluído até esta quinta-feira (21), dia que a prisão dos pais da criança, os principais suspeitos, completa dez dias. A delegada ainda espera o resultado do laudo da necrópsia, feita pelo Instituto Médico Legal (IML), para concluir o inquérito.

"Estou aguardando o laudo. Acredito que na quarta ou na quinta-feira já esteja com esse documento em mãos. Caso contrário, irei ouvir o legista para concluir o inquérito", disse a delegada.

Assim que for concluído, o inquérito será encaminhado para o Ministério Público para que este faça ou não a denúncia. "Vai depender da conclusão do MP", finalizou Paula.

EsclarecimentoO TudoParaná juntamente com a Gazeta do Povo decidiram não publicar os nomes dos suspeitos em virtude de o abuso ainda estar sendo tratado como um suposto crime e em razão da gravidade das denúncias contra os pais do bebê.

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