Dois meses depois da “batalha” do Centro Cívico, no dia 29 de abril, levantamento da Paraná Pesquisas aponta que metade da população paranaense teve a confiança abalada na Polícia Militar (PM) após o conflito com os professores. Seis de cada 10 entrevistados responsabilizam o governador Beto Richa pelo episódio.
Homenagem
Nesta segunda-feira (29), a APP-Sindicato fará um ato às 14h em homenagem às pessoas feridas no dia 29 de abril. A manifestação será em frente à Assembleia Legislativa, no Centro Cívico.
O estudo mostra ainda que para quase 70% dos entrevistados (veja o gráfico nesta página) a ação da polícia não foi correta mesmo se a presença dos blac blocks fosse comprovada. Naquela época, Beto Richa alegou que a ação da PM tentou conter e prender integrantes do movimento.
Encomendada pela Gazeta do Povo, a pesquisa ouviu 1.344 moradores do Paraná maiores de 16 anos em 58 municípios do estado entre os dias 20 e 24 de junho de 2015. A margem de erro é de 2,5%.
Na avaliação do sociólogo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Cézar Bueno, a PM, que já não gozava de boa imagem, foi mais exposta ainda no dia 29 de abril. Para 51,3% dos entrevistados, a ação afetou a confiança na instituição. “Todos os serviços públicos estão abaixo da crítica, mas a PM externou a violência do estado naquele dia”, diz Bueno.
Segundo ele, a atuação da PM reforçou ainda mais a desconfiança no setor público. Para o sociólogo, a pesquisa revela que a população não defende a tese de que a violência de supostos manifestantes agressivos possa ser combatida com mais violência. “O fato de que possa ter havido presença dos blac blocks não justifica a ação”, diz.
O responsável
Para 60% dos entrevistados, Richa é o responsável pela “batalha” do Centro Cívico. O ex-secretário da Segurança Pública, Fernando Francischini, aparece com 4,8%. Bueno acredita que a população tem uma visão concreta de que as decisões mais delicadas do governo têm envolvimento direto dos principais atores do executivo estadual.
“O governo não tem como se esquivar da responsabilidade. A população também tem consciência que tanto o ex-secretário como a polícia são apenas funcionários”, comenta. Só 5% dos entrevistados viram alguma responsabilidade por parte dos professores. O levantamento também apontou que para 80% dos entrevistados as explicações e respostas concedidas pelo governo do estado após o dia 29 de abril não foram suficientes
A assessoria do governador informou que vai aguardar o resultado das apurações sobre o episódio para se manifestar. A Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária acompanhou a posição do Palácio Iguaçu. A assessoria da PM informou que nem o comandante geral e nem o subcomandante podem se manifestar antes do fim da apuração. O segundo preside o inquérito em andamento e o primeiro deve determinar a postura da PM ao fim da investigação.
No dia 29 de abril, os professores da rede estadual protestaram contra a votação do projeto do governo do estado que reformou a Paranaprevidência. Naquele dia, a APP-Sindicato divulgou que 22 mil pessoas participaram das manifestações. A prefeitura de Curitiba, que ajudou no socorro aos manifestantes, informou que mais de 200 pessoas haviam ficado feridas.
Os dois lados poderiam ter evitado o confronto, indica pesquisa
Quase 74% dos entrevistados entendem que a Polícia Militar poderia ter evitado a “batalha” do Centro Cívico. Segundo o levantamento da Paraná Pesquisas, 23,6% acreditam que não havia o que a polícia fazer para evitar. Para o presidente da Associação dos Praças da Polícia Militar (Para), Orélio Fontana, faltou diálogo dos dois lados para evitar a ação, que deixou mais de 200 feridos. Mas, segundo ele, uma posição concreta só pode ser avaliada após o resultado dos inquéritos que apuram o episódio. Apesar disso, ele ressalta que as outras secretarias envolvidas no processo poderiam ter trabalhado mais para evitar o ponto a que chegou a discussão sobre a mudança na Paranaprevidência.
Professores
A pesquisa mostra, no entanto, uma contradição. Ao mesmo tempo que os entrevistados apontam que a PM poderia ter evitado o confronto, boa parte (67%) defende a tese de que os professores também poderiam ter feito algo para evitar a “batalha”. O sociólogo Cézar Bueno interpreta que as respostas mostram que a população entende que furar a barreira policial pode ter sido um ato de afronta que contribuiu para desencadear o problema. “Mas é um dado contraditório”.
Uma das diretoras da APP-Sindicato, órgão que representa os professores, Marlei Fernandes, entende que a pesquisa demonstra que as pessoas, de uma forma geral, querem que a violência seja evitada a qualquer custo. “Mas com o passar do tempo, a população vai avaliando de forma mais concreta o que aconteceu. Esses dados são importantes”, explica. Para ela, os professores nada poderiam fazer, pois a ação violenta partiu apenas da Polícia Militar.
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