Mesmo com o aumento da participação masculina nos afazeres domésticos, os especialistas não se dizem tão otimistas quanto às mudanças mostradas pelo estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "Em termos culturais não há mudança significativa de comportamento", afirma a professora de sociologia do grupo de estudos de gênero da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marlene Tamanine.
De acordo com a pesquisadora, a divisão sexual do trabalho doméstico ainda persiste e a rigidez passa a ser quebrada aos poucos em algumas classes sociais. "Os homens fazem algumas atividades seletivas, como fazer comida no fim de semana, passear com as crianças quando estão limpas, etc. Eles fazem mais por lazer do que por responsabilidade", avalia.
Para a psicoterapeuta e professora do curso de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Renate Vicente, a pesquisa do IBGE mostra tendências interessantes de mudanças socioculturais. "O casal recém-casado tem um ponto de equílibrio maior. Quando ele tem filho, o homem resgata seu papel, pois tem medo de transmitir um modelo negativo para o filho", analisa.
O mesmo raciocínio é utilizado para avaliar o comportamento dos homens com mais de 60 anos, que passam a contribuir mais com os trabalhos domésticos. "Nessa idade eles estão mais seguros com a sua sexualidade", explica.
Um outro aspecto mostrado pela pesquisa é que quando se compara arranjos familiares semelhantes, sendo o primeiro com a presença do cônjuge e o segundo sem ele, percebe-se que, no úlitmo caso, há uma diminuição na carga horária de atividades domésticas das mulheres.