Sem orçamento definido e com um plano de ação considerado "óbvio", o Gabinete de Gestão Integrada da Fronteira (GGI) foi lançado ontem, em Foz do Iguaçu, pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com a presença do governador Beto Richa. O gabinete terá a missão de coordenar e planejar ações para coibir a criminalidade na região em um trabalho feito em parceria de todas as corporações de segurança, incluindo Forças Armadas, Guarda Municipal, polícias estaduais e órgãos fiscais, como a Receita Federal. A coordenação ficará a cargo da Secretaria da Segurança Pública do Paraná.
Na avaliação do diretor da Federação Nacional de Policiais Federais (Fenapef), Naziazeno Florentino dos Santos Júnior, a proposta do GGI é requentada. "As polícias trabalharem juntas é algo óbvio", critica. O Gabinete de Foz é o primeiro de fronteira e também terá bases operacionais em Barracão e Guaíra. O GGI surge no momento em que o Ministério da Justiça sofreu por um corte de R$ 1,5 bilhão no orçamento. Apesar disso, Cardozo garantiu que as atividades da polícia na fronteira não serão prejudicadas.
Outro desafio é o funcionamento do Veículo Aéreo Não Tripulado (Vant), que deveria começar a operar neste mês. Segundo Cardozo, o avião que funciona sem piloto só vai decolar da base de São Miguel do Iguaçu, a 45 quilômetros de Foz, por volta de setembro ou outubro deste ano. O atraso se deve a um problema na licitação para compra de combustível. A proposta foi lançada, mas não apareceram fornecedores interessados.
Para o ministro, é preciso rigor para coibir o crime organizado na fronteira brasileira. "Vamos fazer isso através da integração entre as corporações de segurança e das forças policiais dos países vizinhos e da criação de comitês como esse", afirmou.
Batalhão
Richa anunciou outras ações que, segundo ele, contribuirão para barrar a entrada de armas e drogas no país. Entre elas o Batalhão de Fronteira, uma versão repaginada da chamada Força Alfa, lançada pelo ex-governador Roberto Requião. O novo batalhão contará com 500 homens para patrulhar 19 municípios da região e deve entrar em atividade até o final deste ano. Richa solicitou ao governo federal recursos de R$ 118 milhões para construir bases operacionais na fronteira e adquirir equipamentos, incluindo rádios comunicadores, câmaras de monitoramento e helicópteros.
Para o sociólogo Lindomar Bonetti, professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), não basta apenas vigilância da fronteira para coibir o contrabando de armas e o crime de modo geral, embora isso seja importante. "Também é preciso trabalhar o meio social onde as armas estão sendo utilizadas", ponderou. Em geral, lembra o professor, as armas são usadas em comunidades em que há predominância de jovens, desempregados e pobres. "O Estado precisa oferecer políticas que envolvam esta população."
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