Brasília Os três senadores do Paraná não acreditam que Renan Calheiros (PMDB-AL) ainda possa ser cassado, apesar dos outros três processos contra o alagoano que tramitam no Conselho de Ética (leia mais na página 16). Todos afirmam ter votado ontem a favor da cassação. Mas nenhum discursou em plenário defendendo essa posição, embora tivessem esse direito.
"O resultado mostrou que existe uma convicção já formada. Só um fato extremamente novo, que mexesse com disputas internas, poderia mudar as decisões de novos julgamentos", disse Alvaro Dias (PSDB). Para Flávio Arns (PT), essa denúncia já era suficiente para mostrar a falta de decoro parlamentar de Renan. "Fiquei surpreendido com o resultado e me parece pequena a possibilidade de mudanças", afirmou o petista.
Segundo Osmar Dias (PDT), o fator decisivo para a absolvição foi a pressão exercida pelo governo. "O desejo do Palácio do Planalto ficou evidente na postura dos líderes da base aliada. Sinto muito porque essa foi uma decisão contrária à vontade da população, que joga o Senado no descrédito."
Alvaro seguiu a linha do irmão. Segundo ele, a cúpula do PT fez um corpo-a-corpo repentino junto aos demais senadores da base aliada para que optassem pela abstenção. Ele aponta o senador Aloízio Mercadante (PT-SP) como principal articulador desse movimento. "O esforço governista foi essencial para a vitória do Renan, ou melhor, a derrota do Senado."
Mesmo achando difícil a possibilidade de cassação, todos são favoráveis à junção dos outras três representações contra Renan em um só processo. Eles defendem que o Senado agilize a tramitação do projeto que extingue o voto secreto, para que a próxima apreciação possa ser diferente. "Numa decisão objetiva como essa, não dá para entender como alguém pode votar pela abstenção. Só pode ser porque é secreto", declarou Osmar.
Além dos três senadores, acompanharam a sessão três deputados federais do Paraná Barbosa Neto (PDT), Luiz Carlos Setim (DEM) e Gustavo Fruet (PSDB). Para Fruet, o resultado foi uma derrota tanto para o Senado quanto para a Câmara. "O Congresso permanece com o desafio de sair das notas policiais dos jornais para entrar nas notas políticas."