Para os londrinenses que assistiram aos filmes e espetáculos no tradicional Cine Teatro Ouro Verde, o incêndio que destruiu o patrimônio histórico estadual, há duas semanas, ficará marcado na memória. Bilheteira do teatro há 25 anos, Madalena de Souza, desde que viu o fogo pela janela do apartamento em que mora, passou a acompanhar os trabalhos dos bombeiros, da defesa civil e dos peritos em frente ao local. "Quando vi as chamas no teatro foi como se um peso desabasse em cima de mim. O meu coração está pegando fogo", comenta.

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Apesar do que avalia como uma tragédia, ela gostaria que o local fosse restaurado e recuperasse as características originais. O Ouro Verde foi inaugurado em 1952, enquanto a cidade vivia o auge da exploração cafeeira – de onde vem o nome do teatro. "Gostaria que, ao ser restaurado, o Ouro Verde voltasse a ter as cortinas de cor vinho nas portas dos banheiros e carpetes, que eram muito bonitos. Lembro que, quando era criança, o ônibus parava em frente ao teatro. Aqui conheci muitos artistas importantes, como Dercy Gonçalves, Raul Cortez, Ney Latorraca, Antonio Fagundes e tantos outros", conta, emocionada.

Emoção também sentiu Darcy Monteiro da Silva, 66 anos, ao ver os escombros. Com os olhos fixos na fachada do prédio histórico e o pensamento no passado, o escriturário aposentado se lembrou de uma galeria de filmes que, ainda garoto, assistiu no Ouro Verde. "Eu cheguei a Londrina em 1954. A minha família morava na Vila Nova. Na época não tinha televisão e a única diversão era o cinema. É uma vida que se perde. No Ouro Verde assisti a filmes como Ben Hur, E o Vento Levou, Spartacus e Mazzaropi. Fiquei olhando tudo queimado. E fiquei pensando que é toda uma história que se vai", afirma Silva.

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O agente de viagens José Maria dos Santos Beira Mar, de 68 anos, chegou em Londrina há 49. O Ouro Verde faz parte de muitas lembranças de sua vida, desde a época em que trabalhava como radialista. "É triste ver o teatro destruído pelo fogo. Era um evento vir ao cinema para assistir a filmes do Mazzaropi ou do Teixeirinha. Um dos pontos importantes da cidade, frequentado pela sociedade londrinense", lamenta.

Atualmente, a Universidade Estadual de Londrina (UEL), responsável pelo Ouro Verde, busca recursos com os governos estadual e federal para a reconstrução do teatro.

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