PCC disse que chacina foi uma declaração de guerra contra o tráfico de drogas| Foto: Marcio Silva/AFP

A Polícia Civil de São Paulo investiga se o Primeiro Comando da Capital (PCC) já teria repassado a “ordem” para que bandidos aliados se mobilizem para se vingar da facção criminosa Família do Norte (FDN), que matou 60 presos em penitenciárias do Amazonas, sendo 56 dentro do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.

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O ponto de partida para a investigação é uma carta supostamente assinada pelo Comando Regional Norte do PCC, que circula em grupos de WhatsApp. Em um dos trechos, diz-se que “essa dita facção FDN será dizimada da face da terra”. Para isso, afirmam que contam com o apoio de criminosos do exterior e até de facções rivais.

A união dos criminosos seria porque a FDN, ao promover o massacre em Manaus, quebrou o “código de ética” do crime, que impõe uma suposta convivência com grupos rivais, pois a “meta” sempre foi “lutar contra o Estado e não contra nossos irmãos mesmo que de outras organizações fossem”.

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Diz o texto: “Saibam que vocês (FDN) declaram guerra não só ao PCC, mas a todos aqueles que lutam contra o Estado corrupto brasileiro... Essa chacina foi uma declaração de guerra contra o tráfico de drogas de todo o Brasil. Uma facção sozinha não será capaz de destruir anos de aliança dos irmãos”. O grupo afirma ainda que a guerra de facções travada nos morros, nas periferias, nas favelas, vai ganhar as ruas.

Na carta, os criminosos se mostram solidários às famílias das vítimas e dizem que vão providenciar indenização. Pedem também ajuda financeira dos demais integrantes da facção criminosa para complementar os valores.

O texto acaba com a conhecida saudação do PCC “paz, justiça e liberdade”.

Força-tarefa vai acompanhar as investigações em Manaus

O Ministério Público Estadual do Amazonas formou uma força-tarefa com 12 promotores que vão acompanhar as investigações sobre o massacre de Manaus. As apurações vão desde descobrir quem são os responsáveis pela matança até as suspeitas de irregularidades e superfaturamento do sistema de terceirização da gestão prisional do Estado.

Segundo o presidente da Associação Amazonense do Ministério Público, promotor Reinaldo Alberto Nery de Lima, o grupo vai apurar pelo menos cinco frentes: a investigação do massacre, da conduta dos gestores, dos contratos das empresas prestadoras de serviços, situação dos presos provisórios e dos presídios do interior.

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Ele disse que o Ministério Público, juntamente com as demais autoridades, está atento para eventuais desdobramentos no âmbito criminal por causa da chacina em Manaus. É investigada uma possível participação de integrantes do PCC em oito assassinatos registrados em dez horas na capital.

“A população fica assustada sem saber se é uma coincidência (as mortes) ou não. Mas o Ministério Público também vai acompanhar essa investigação”, afirmou.