Estudantes ocupam deste a noite desta segunda-feira (24) o prédio Dom Pedro I do campus Reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba. Os alunos protestam contra a PEC 241, que estabelece um teto para os gastos públicos e que volta nesta terça (25) ao plenário da Câmara dos Deputados. Além desta mobilização, trabalhadores da área de educação do 3º grau público vinculados ao Sinditest também fazem um protesto no mesmo campus. Nesta quarta (26), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFPR realiza uma assembleia para discutir a PEC com todos os alunos da instituição. Além disso, um ato contra a proposta e a favor das ocupações nas escolas do Paraná deve levar manifestantes para as ruas da capital nesta quinta-feira (27).
A ocupação no prédio Dom Pedro I, onde não há atividades administrativas, começou com alunos do curso de Pedagogia. Em nota, o movimento informou que a decisão foi tomada em assembleia com estudantes do curso contrários à PEC 241 e a MP 746 - a que prevê reforma no ensino médio. “O movimento reforça apoio às ocupações dos secundaristas”, diz a nota, que diz haver “falta de diálogo”nas mudanças que atingirão os alunos secundaristas.
“A UFPR sofrerá graves retrocessos, como a diminuição progressiva de recursos para estrutura universitária, investimento em assistência estudantil e em pesquisa, extensão e tecnologia”, justificam, em nota, os alunos sobre a reprovação da PEC 241. Alguns estudantes de outras áreas, como Letras e Filosofia, também realizam assembleias individuais para discutir a adesão.
Segundo o DCE, a assembleia marcada para esta quarta-feira (26) pode decidir apoiar a ocupação e fazer crescer o protesto - a decisão será tomada pelos alunos.
No campus Reitoria, a movimentação era tranquila na manhã desta terça. Os professores puderam entrar no prédio para pegar seus pertences e permaneceram no pátio conversando entre si e também com os alunos. Diversos estudantes chegaram hoje pela manhã para endossar o movimento. Por meio da assessoria de imprensa, a UFPR informou que nenhum serviço administrativo está sendo prejudicado pela paralisação das atividades dos alunos.
Apoio a secundaristas
Em entrevista coletiva nesta tarde, o porta-voz da ocupação na UFPR, Vitor Yano, disse que os estudantes envolvidos na mobilização pretendem fazer uma integração com secundaristas do movimento Ocupa Paraná. A ideia é proporcionar aos jovens rodas de conversa e oficinas na universidade, além de enviar acadêmicos às escolas ocupadas, em apoio à iniciativa. “É importante salientar que nosso movimento é suprapartidário. Há pessoas filiadas a partidos, mas independente disso, nenhum partido conduz o movimento”, frisou.
Yano também assinalou que a morte de um adolescente de 16 anos no Colégio Estadual Santa Felicidade, na segunda-feira, não foi o estopim para que os universitários decidissem ocupar o prédio da Reitoria. “A decisão veio de um processo de debate”, pontuou ele, ao observar que os universitários também têm pautas específicas. Uma delas é a Resolução 96, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFPR, que estabelece novas regras para o cancelamento e a suspensão do registro acadêmico, e deve ser votada em breve. “Tem um grande número de alunos que serão afetados. A resolução tira a autonomia dos alunos e cria acúmulo de função, com a criação de tutorias para os professores”, comentou.
Assim como nas escolas ocupadas, os universitários estão dando prosseguimento à mobilização com o apoio da comunidade, alunos de outros cursos, como História, Letras e Música, e professores. Eles estão recebendo doações de alimentos e materiais, como papelaria e colchões. O movimento não informou quantos alunos estão dentro do prédio.
Protesto do Sinditest
Em greve desde a segunda-feira, servidores técnico-administrativos das universidades federais no estado participam de um protesto nesta terça no campus Reitoria. Eles também brigam contra a PEC 241. Uma caminhada que estava prevista até a Praça Santos Andrade, no Centro, foi cancelada por conta da chuva e também da falta de adesão de outras categorias, como a APP-Sindicato e o Sindisaúde. As entidades devem se reunir em uma grande caminhada ao longo da semana.
Carlos Pegurski, um dos coordenadores do Sinditest, afirma que esse é o primeiro protesto da categoria que não visa reposição salarial. “Estamos lutando por uma concepção de serviço público. Um projeto de sociedade que não quer mais cortes em área fundamentais como saúde e educação. O trabalhador está convencido de que vai perder direitos”, informa.
Para José Carlos de Assis, da diretoria do Sinditest-PR, existe um encontro ideológica entre os alunos e os trabalhadores. “A gente fez uma parceria com os estudantes. Eles ocuparam o prédio e também estão ocupando campus pelo interior”, afirma. A reportagem constatou que alguns alunos pediram e ganharam camisetas com o “Fora Temer” que os trabalhadores estão usando.
Outras categorias
Além de alunos secundaristas das escolas estaduais, do movimento que ocupa a UFPR e dos servidores ligados ao Sinditest, também dão corpo aos protestos contra a PEC 241 e a Medida Provisória que propõe reformular o ensino médio professores das universidades do estado e das escolas estaduais. Estas duas últimas categorias, assim como a Polícia Civil, paralisada há mais de uma semana - brigam ainda pela suspensão do reajuste salarial do funcionalismo previsto em um projeto de lei enviado à Assembleia Legislativa.
Paralisação de servidores afeta serviços no HC
Alguns serviços do Hospital das Clínicas (HC), maior do estado, que atende mais de 1 milhão de pessoas por ano, também foram afetados pela paralisação dos funcionários ligados ao Sinditest. Dos 3.109 servidores da instituição, 845 são da Funpar.
Assim como nesta segunda, o banco de sangue não está funcionando. Já o centro de exames de endoscopia digestiva está atendendo apenas emergências e internados e a central de agendamentos não organiza novas consultas. Os exames de imagens (raio-X e tomografia), que nesta segunda (24) estavam atendendo somente internados, funcionava normalmente desde o começo desta terça.
Segundo o próprio hospital, a paralisação também atinge a parte administrativa. Dos 845 funcionários vinculados à Funpar, 261 aderiram à greve. O Sinditest já soma ao menos 50% dos funcionários. A entidade prometeu que vai manter os 30% necessários em atividade por conta da importância da atividade.
Para José Carlos de Assis, da diretoria do Sinditest, a mobilização permanece enquanto a PEC 241 tramitar no Congresso. “Vamos manter a paralisação durante toda a tramitação. Existe um indicativo de que a segunda votação no Senado pode acontecer no dia 29 de novembro. Até lá vamos manter o protesto”, avisa.
E se, mesmo assim, a PEC for promulgada? “Nós temos que organizar uma greve geral. Nós admitimos que a situação é complicada. Por isso defendemos a greve geral, com mobilização nacional, para barrar a PEC. As ocupações estão ajudando muito nesse sentido, mas é preciso crescer”, pondera.
A paralisação dos trabalhadores ligados ao Sinditest já alcançou 29 universidades e também fechou as bibliotecas ligadas às instituições federais. Segundo a direção da entidade, apenas 8 assembleias no interior do estado recusaram a greve nesta semana, mas para poder aderir à greve geral organizada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), marcada para novembro.
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