Eles sabem como aproveitar o tempo. Usam a experiência de vida e a profissional como vantagem nos cursos de graduação que freqüentam, como o de Direito Internacional da Uninter, em Curitiba. Da primeira turma aprovada no vestibular, há quatro anos, metade dos cem alunos tinha mais de 30 anos. E muitos com mais de 50. Ao longo do curso, os maduros deram um banho nos colegas mais novos. "Eles são competitivos e se dedicam muito aos estudos. Superam outras dificuldades em relação aos mais jovens, principalmente por causa da vivência", observa o coordenador Luis Alexandre Carta Winter. A tendência de curso mais direcionado a gente experiente foi confirmada nos vestibulares seguintes. Os pioneiros estão a um ano da formatura.
A atividade universitária em plena aposentadoria 30% dos aposentados continuam na ativa, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e o investimento em uma segunda carreira são as justificativas dos alunos maduros que investem em cursos de graduação. A expectativa de vida mais longa é outra razão para o aumento de pessoas mais velhas nos bancos universitários. "A busca por ampliar horizontes e a realização do sonho de um diploma de nível universitário podem explicar essa adesão crescente do contingente idoso. Observo que mulheres de meia-idade, depois de verem seus filhos criados, vêem na universidade uma forma de dar novo sentido às suas vidas", observa a doutora em Serviço Social Sara Grani Goldman, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O funcionário público Juvenal Melech, de 69 anos, está animado com as aulas de direito internacional que freqüenta de segunda a sábado. Ele pretende concluir a graduação, que vai consumir cinco anos de estudo, e trabalhar na área. E encara a rotina do expediente diário na secretaria de administração com os estudos da faculdade como um desafio extra na carreira. "Quem vê a minha idade até fica espantado. Mas não gosto de ficar parado".