Em todo o mundo, três em cada dez crianças apresentam algum tipo de doença mental ou transtorno de comportamento. Só no Brasil, são 1 milhão de portadores do transtorno que afeta comunicação, comportamento e interação social. Muitas vezes, a falta de tratamento acontece por vergonha dos pais em procurar ajuda. Como os diagnósticos nem sempre são simples, algumas doenças podem ser confundidas, o que pode causar um certo desânimo.
No caso do transtorno global do desenvolvimento, é comum que no início se pense que a criança possui hiperatividade ou déficit de atenção. Por isso, está em andamento uma pesquisa com especialistas em neurologia no Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. Foram selecionadas 600 crianças da rede municipal de ensino de Curitiba que possuíam comportamentos que indicassem hiperatividade ou déficit de atenção. Até agora foram atendidos 315 estudantes entre 7 e 14 anos.
Segundo o neurologista e especialista em distúrbios do desenvolvimento Antônio Carlos de Farias, as crianças que sofrem desses transtornos são impulsivas e desatentas. A diferença principal entre as que possuem conduta típica é que estas apresentam dificuldade de linguagem e problemas de imaginação. "Quando elas chegam ao médico, a primeira coisa que é vista é se elas têm problemas para se comunicar. Em geral, elas não conseguem desenvolver atividades com brinquedos. Isso não acontece com as que sofrem de hiperatividade e déficit de atenção."
Os alunos passaram por testes de visão, audição e inteligência. Se o paciente apresentar deficiência mental, mesmo que leve, estão descartados esses transtornos. "Cerca de 50% dos pacientes que avaliamos apresentaram distúrbios. Os outros tinham pequenos problemas de saúde, mas que requerem outro tipo de tratamento", afirma Farias.
A neurocientista Mara Lúcia Cordeiro diz que é fundamental que primeiro sejam eliminadas todas as possibilidades de outras doenças. "Junto com a gente trabalham psicólogos e psicopedagogos. Quando é detectado que precisa de tratamento, encaminhamos depois também para esses profissionais", explica.
Cinco crianças que passaram pela pesquisa receberam um prêmio em dinheiro do instituto. A doação foi arrecadada pelo Projeto Gols pela Vida, que transformou gols de Pelé em medalhas. Algumas foram compradas e leiloadas, e o valor arrecadado entregue às famílias. (AS)
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