A Polícia Federal (PF) já prendeu 24 pessoas envolvidas na máfia dos caça-níqueis na Operação Alvará, desencadeada nesta terça-feira (13).
Entre os presos está o presidente da escola de samba Unidos de Vila Isabel, Wilson Vieira Alves, conhecido como Moisés.
Ele era considerado o principal alvo da ação de combate a uma quadrilha de exploração de caça-níqueis que atuava em Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Moisés foi detido em sua casa em Copacabana, na Zona Sul do Rio.
Além de Moisés, cinco policiais militares, um policial civil e dois ex-PMs também foram presos. Entre os militares detidos, está um major que já atuou no serviço reservado do 7º BPM (São Gonçalo). O oficial contribuía com a quadrilha, segundo a investigação, com informações sobre as operações policiais.
A 4ª Vara Federal de Niterói expediu 51 mandados, sendo 29 de prisão e outros 42 de busca e apreensão.
De acordo com a PF, a quadrilha da máfia dos caça-níqueis usava selos que funcionavam como alvará para comerciantes utilizarem as máquinas em seus estabelecimentos. A prática serviu de inspiração para batizar a operação.
Os policiais estiveram ainda no escritório de Aílton Guimarães Jorge, o capitão Guimarães, no bairro do Ingá, em Niterói. Os agentes apreenderam documentos, computadores e agendas. Guimarães já foi investigado e preso na Operação Hurricane, quando outros bicheiros do Rio foram presos.
Militar reformado - ele foi sargento do setor de informação da Brigada de Infantaria Paraquedista -, Moisés chegou à Vila Isabel em meados de 2004 por intermédio do ex-presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) Ailton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães. Através do padrinho, em pouco tempo alcançou a presidência da escola.
Policiais intimidavam comerciantes
De acordo com o superintendente da PF no Rio, Ângelo Gioia, Moisés utilizava policiais para controlar a venda de selos para comerciantes, o que funcionava como uma espécie de alvará da quadrilha.
Esses selos eram trocados mensalmente sob a pressão dos policiais para que os comerciantes pagassem em dia. De acordo com o delegado Marcos Aurélio Costa de Lima, que comandou a operação em Niterói, cada selo custava cerca de R$ 200.
Segundo a investigação, além de agirem como grupo de intimidação aos comerciantes, os policiais também vendiam informações sobre as operações da polícia.
Polícia apreendeu R$ 386 mil em dinheiro Na operação foram apreendidos R$ 386 mil, duas pistolas e um revólver. Entre os presos estão também dois dos principais articuladores da quadrilha: um maquineiro, responsável pela distribuição das máquinas, José Alfredo Vilas Boas Filho, conhecido como Alfredinho; e um policial civil, Lúcio Teixeira Tibau. Um outro policial militar, que seria o chefe de segurança de Moisés, está foragido.
Alguns dos presos, segundo a polícia, têm participação na diretoria da Vila Isabel. Eles vão responder por contrabando, formação de quadrilha extorsão e corrupção.
PF diz que ação não tem relação com atentado
A Polícia Federal negou que a ação, deflagrada em Niterói, tenha qualquer relação com o atentado ao bicheiro Rogério Andrade, na semana passada. A polícia investiga se o ataque ao bicheiro, que resultou na morte de seu filho, de 17 anos, teria partido de aliados numa espécie de "golpe de estado".
A PF também não quis comentar se outros bicheiros do Rio também são alvo da mesma investigação, que teria começado há mais de um ano.
No entanto, desde 2008 o Ministério Público estadual investiga uma disputa por pontos de máquinas caça-níqueis que teria gerado uma guerra entre Moisés e o presidente da Viradouro, Marco Antônio Lira de Almeida, o Marquinhos Lira.
Na época, a 4ª Promotoria de Investigação Penal (PIP) chegou a pedir a convocação de Moisés, capitão Guimarães e Antônio Petrus Kalil, o Turcão, no inquérito sobre um atentado a tiros que Lira sofreu em janeiro de 2008, em Niterói.
"No momento em que a gente vê o carro de um bicheiro explodir em plena via pública, isso confirma a participação desses banqueiros com o crime. É preciso que a sociedade seja chamada a uma reflexão. As pessoas não tem que entender esse jogo como uma coisa lúdica. É uma atuação nefasta, que movimenta milhões e, com a corrupção de agentes públicos, alimenta outras práticas criminosas", disse Gioia.
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