A delegacia da Polícia Federal (PF) em Paranaguá abriu ontem quatro inquéritos para apurar as irregularidades investigadas na operação Dallas, que resultou na prisão de dez pessoas, entre elas o ex-superitendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) Daniel Lúcio de Oliveira de Souza. Nos próximos dias, ao menos 50 pessoas devem ser chamadas para depor. A PF investiga um esquema de desvio de grãos no Porto de Paranaguá, fraude em uma licitação e contratações ilegais. Segundo a investigação, quatro empresas controladas por Souza eram favorecidas em contratos de prestação de serviço com o porto. O objetivo agora é descobrir se essas empresas tinham outros contratos.
Segundo a PF, Eduardo Requião, ex-superintendente da Appa e irmão do ex-governador Roberto Requião, será intimado para depor. Outro que deverá ser ouvido é Luís Mussi, ex-secretário especial do governo do estado e suplente de Roberto Requião no Senado. A casa Mussi em Curitiba e três imóveis de Eduardo Requião (um na capital paranaense e dois no Rio de Janeiro) foram alvo de busca de apreensão na quarta-feira. Ao todo, foram expedidos 29 mandados de busca e apreensão.
Oito acusados de envolvimento foram presos na quarta-feira. Ontem, outras duas pessoas se apresentam na sede da PF em Curitiba. Já estão presos F.S.F., um dos sócios da Companhia Brasileira de Logística (CBL), e um funcionário da empresa, que não teve o nome divulgado pela PF. A CBL é acusada de desviar até 10 mil toneladas de grãos por safra e lucrar até R$ 8,5 milhões com a venda de soja e açúcar ilegais.
A operação Dallas foi criada para apurar o desvio de cargas no porto de Paranaguá, mas os policiais descobriram outras irregularidades durante a investigação, que incluiu escutas telefônicas e monitoramento de e-mails durante seis meses. A partir de agora, o principal desafio é desvendar os esquemas de fraude em licitações, desvio de dinheiro público, formação de quadrilha e superfaturamento de contratos.
O delegado-chefe da PF em Paranaguá, Jorge Luiz Fayad Nazário, nomeou ontem o delegado Sérgio Luis Stinglin de Oliveira para conduzir os quatro inquéritos. Fayad afirmou que as nove pessoas ouvidas até agora negaram participação nos crimes. A operação foi desmembrada em quatro inquéritos para facililtar a investigação.
Cada inquérito irá detalhar um dos quatro crimes investigados: desvio de grãos no terminal da CBL; corrupção passiva e ativa na tentativa de compra de uma draga em 2009, em que seriam desviados US$ 5 milhões para companhas eleitorais; o direcionamento de licitações para a realização de estudos ambientais pelas empresas Acquaplan, Ecoport e Fundação Terra (que eram controladas indiretamente por Souza); e o favorecimento da empresa Petroil, responsável pela limpeza do cais.
Segundo a PF, a Petroil também pertence a Souza. "Aprendemos documentos que mostram que ele é dono da Petroil. Até então, nós imaginávamos que ele recebia propina da empresa", disse Fayad. Com excessão do desvio de grãos, Souza é apontado como o articulador de todos os outros crimes.
Prorrogação das prisões
Segundo o delegado Sérgio Luis Stinglin de Oliveira, desde ontem o trabalho dos agentes tem sido organizar e detalhar os documentos apreendidos. Ele não descartou a possibilidade de pedir a prorrogação das dez prisões temporárias decretadas pela Justiça. Elas têm validade por cinco dias e terminam no domingo.
Souza foi preso no Rio de Janeiro, com R$ 65 mil e uma nota promissória de R$ 800 mil, emitida por um terminal portuário. Ele deverá ouvido hoje (o depoimento, inicialmente marcado para ontem, foi adiado por causa do feriado de São Sebastião, padroeiro do Rio). Os demais estão presos na carceragem da PF em Curitiba.
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