Há dois dias, o Guarituba, em Piraquara, foi visitado pelo presidente Lula e ganhou R$ 91 milhões em recursos do Plano de Aceleração do Crescimento, o PAC. O evento deu ao bairro uma visibilidade jamais vista. Pouca gente fora dos movimentos sociais tinha idéia de como é um bairro que em 15 anos recebeu 12 mil famílias, chegou a 50 mil moradores, divididos em número igual de vilas, com apenas três ruas asfaltadas, muita poeira e uma infra-estrutura sanitária tão deficiente que em vez de caso de saúde pública, deveria ser caso de polícia. Pois esse é o Guarituba sinônimo de superpopulação. Ali mora nada menos do que metade da população piraquarense.
Por essas e outras, quando se pensa nos 410% de crescimento populacional até 2020, imediatamente os olhares vão para o Guarituba o barril de pólvora instalado em cima dos mananciais por onde passam 62% da água que chega a Curitiba. É ali, na faixa mais pobre de Piraquara, que deve se dar a explosão populacional.
De tudo que é lado, em Piraquara, a palavra de ordem é não deixar que o pior aconteça. Mesmo assim, a taxa de crescimento do município permanece entre 8,5% a 10% ao ano, graças, sobretudo, ao preço modesto que as terras de manancial alcançam no mercado, principalmente o informal. "O ideal seria crescer no máximo 1% ao ano", calcula o secretário de Meio Ambiente Gilmar Clavisso, para quem uma das barreiras para frear o crescimento é a falta de verbas. O orçamento é de R$ 47 milhões anuais quirera para quem tem como tarefa dar de beber à vizinhança.
No que está a seu alcance, o município aprovou um Código Municipal Ambiental e criou uma força municipal ambiental, cuja tarefa é proteger os mananciais. Outra novidade é que 70% de Piraquara está fechada para loteamento.
"Demorou, mas o pessoal se deu conta da importância de preservar esse lugar. Chegamos no limite", diz o líder da Associação dos Moradores da Vila Mariana e Monte Líbano, Édson Ribeiro, 36 anos. A poeira do Guarituba, acredita-se, vai baixar.