Educação 0 X 1 Falta de qualidade

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• "Vacilei", resume Jean Pierre Ferreira de Oliveira, 18 anos, três anos de evasão escolar. Tem histórico comum nas periferias de Curitiba: é de uma família que transita entre as inúmeras vilas da região. Só na CIC, são mais de 80. "Tentei voltar, mas não consigo vaga. Desanimei: cansei de vir para a escola, ficar em uma sala apertada e de não ter aula."

• Odair José Gonçalves, 21 anos, morador do Tatuquara, diz ainda mais. Largou tudo há cinco anos para trabalhar. Precisava, mas havia uma outra motivação: "O colégio era um lixo. Prefiro ganhar R$ 400 por mês."

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• Tomás Rodrigues – um dos que passaram pelo "teste da rua" feito pela reportagem – tem 17 anos e cursa o último ano do ensino médio. Mineiro de Águas Vermelhas, está há dois anos na capital. Sua queixa: falta professor. O garoto ri quando se pergunta o que vai tentar no vestibular no final do ano. "Quem sabe Administração", desconversa a testemunha de histórias que circulam entre os estudantes nas noites em que foi à escola e não teve aula. "Tem gente que apanha das gangues e volta para casa só de cueca."

Educação 0 X 1 gravidez adolescente

• Há três anos, a adolescente R.C., 16, deixou para depois uma de suas principais diversões de garota pobre da periferia – as aulas de Matemática. Ao descobrir que estava grávida, abandonou a escola, engrossando uma das estatísticas mais sombrias do setor: dados da Unesco apontam que a gravidez precoce responde por 25% da evasão escolar de meninas entre 15 e 17 anos, afastando dos estudos, anualmente, algo próximo de 250 mil meninas. Com a filha próximo de completar 2 anos, R. conta que já está atrás de uma vaga no noturno. "Mas está difícil." (JCF)