Uma alternativa para vencer o preço alto dos terrenos e incentivar o desenvolvimento urbano da região metropolitana de Curitiba (RMC) seria o planejamento conjunto entre capital e municípios vizinhos, onde a terra é mais barata. "Acredito que mudanças recentes na legislação, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, travam um pouco esse processo de articulação entre os municípios. Os administradores acabam se voltando para seus próprios quintais, quando o problema precisa ser resolvido em conjunto", afirma o diretor de Obras da Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), Celso Luiz Fernandes.Para ele, o órgão ideal para articular esse trabalho seria a Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba, a Comec, ligada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano. "Ainda antes das eleições reunimos os secretários de Urbanismo da RMC e fizemos um documento, enviado aos dois candidatos, pedindo a revisão das atribuições da Comec para isso", explica o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR), Hamilton Pinheiro Franck.
O atual coordenador da Comec, Alcidino Bittencourt Pereira, diz que o órgão já faz a parte macro do planejamento. "Nós nos focamos na questão do uso do solo e já tivemos bons resultados nesse sentido. Boa parte dos municípios já possui um órgão para cuidar da habitação e incorporou as diretrizes de uso do solo da Comec em seus planos diretores. O que ocorre é que algumas vezes os municípios e os lobbies do setor produtivo entram em conflito conosco porque querem fazer algo que a legislação não permite." Para ele, a coordenação específica da Habitação na RMC caberia mesmo à Cohapar.
Demanda crescente
Para o economista e pesquisador da Instituto Superior de Administração e Economia da Fundação Getúlio Vargas (Isae/FGV), Robson Gonçalves, Curitiba pode ver a qualidade de vida cair e muito se novas soluções, como o planejamento com a região metropolitana, não forem adotadas. "Isso ocorreu em Campinas. Curitiba teria ainda mais a perder considerando que é referência para o Brasil. Isso já vem ocorrendo se observarmos questões como o trânsito da capital paranaense."
Uma pesquisa do professor com base nos dados Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que no ano passado o déficit habitacional da RMC cresceu 70%, saltando de 37 mil para 63 mil residências. Um aumento bem maior que a média nacional, de 2,3%, ou mesmo de Porto Alegre e região, de 0,3%.