Homem foi ferido por engano por policiais militares
- RPC TV
A Polícia Militar (PM) reconheceu, na tarde desta segunda-feira (29), que os policiais que perseguiram e atiraram no carro onde estava uma família, erraram e não seguiram a conduta orientada pela corporação. Paulo Roberto Stricker, de 33 anos que estava no veículo com a mulher dele, a filha de 16 anos e o filho de 8 meses foi atingido nas costas. Os dois policiais envolvidos na ação foram afastados e a PM instaurou um inquérito policial para apurar o caso.
A falha da PM foi admitida em entrevista coletiva, concedida pelo comandante do Policiamento da Capital, coronel Jorge Costa Filho. "Foi uma fatalidade. Essa não é a postura recomendada pela PM. Entre deixar uma pessoa fugir e arriscar uma vida, é melhor deixar a pessoa empreender fuga", disse o coronel. "A orientação é que, em casos como esse, os PMs peçam reforço e depois busquem cercar o suspeito", completa Costa.
De acordo com a versão apresentada pela PM, o caso aconteceu na noite de domingo (28), por volta das 23h, no bairro Parolin, em Curitiba, depois que dois jovens que tiveram o carro furtado um Fiesta Branco, com placas com prefixo AKO passavam informações aos policiais do 12º Batalhão da PM. No momento em que eram ouvidos, passou por eles um veículo com características semelhantes e eles o teriam reconhecido como sendo o carro que havia sido furtado.
A partir de então, dois policiais entraram em uma viatura e começaram a perseguir o veículo sob suspeita. Na Rua 24 de Maio, o Fiesta teria estacionado, dando indícios de que desistia da fuga. Entretanto, quando os policiais desceram para abordar o motorista, o carro arrancou novamente.
Em nova perseguição, como o veículo não parou, os policiais começaram a disparar. Segundo a PM, pelo menos 8 tiros foram dados, dos quais 2 ou 3 atingiram o carro. Um dos disparos atingiu as costas de Paulo, que, segundo familiares, voltava da casa da sogra com a mulher e os filhos. Os familiares não ficaram feridos. O homem foi encaminhado ao Hospital do Trabalhador, onde, até o final da tarde desta segunda, permanecia internado em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
A PM ainda não sabe por qual motivo o condutor do Fiesta fugiu dos policiais, mas de acordo com o coronel Costa Filho, Paulo possui alguns débitos junto ao Detran e está com a carteira de motorista vencida. "Talvez por isso ele tenha fugido. De qualquer forma, nada justifica os policiais terem atirado", avaliou o coronel.
A mulher do motorista do veículo, Juliana John diz que a família pensou que estava sendo perseguida por assaltantes. "Vimos uma luz alta e um carro em alta velocidade. Se estivesse com o giroflex ligado e com a sirene, nós tínhamos parado. Pensamos que eram bandidos, que íamos ser assaltados", afirmou em entrevista ao telejornal ParanáTV 2ª Edição, da RPC TV. "Deviam ter parado e pedido os documentos e não começar atirando desse jeito", acrescentou ela.
O veículo que realmente foi roubado acabou recuperado pela polícia na noite de domingo e conduzido para Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). Os homens que efetuaram o roubo não foram localizados.Inquérito
De acordo com a PM, um dos policiais que estavam na viatura tinha 15 anos de corporação e o outro, dois. Ambos teriam disparado contra o carro da família. A Polícia instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as responsabilidades dos PMs. As armas usadas na operação foram apreendidas e vão passar por perícias.
Os dois policiais foram afastados e estão passando por acompanhamento psicológico. Durante a realização do inquérito policial, eles vão cumprir funções administrativas. A investigação vai ser acompanhada pelo Ministério Público e tem 60 dias para ser concluída. Dependendo dos resultados, o inquérito pode apontar para a expulsão da dupla da corporação. Os dois ainda podem responder criminalmente por tentativa de homicídio.
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