A Polícia Militar do Rio confirmou que mais um homem foi preso, e outro, morto, durante a ação que acontece nas favelas do Rio nesta terça-feira (23). Segundo a polícia, os suspeitos estavam na Rua Merindiba, na Favela Vila Cruzeiro, na Penha, no subúrbio da cidade. Os dois suspeitos têm ligação com o tráfico de drogas, mas ainda não é possível afirmar se eles têm também envolvimento com os ataques que acontecem na cidade. O suspeito preso também é foragido da Justiça e estava com um fuzil e drogas.Onze presos desde segunda
Segundo a PM, desde segunda-feira (22), onze pessoas foram presas, sendo que pelo menos oito delas estariam ligadas aos ataques que aconteceram nas últimas 48h no Rio, e quatro suspeitos foram mortos. O balanço, no entanto, não incluiria os suspeitos presos e mortos nas comunidades da Mandela, em Manguinhos, e da Merindiba. Um novo boletim deve ser divulgado por volta das 18h pela PM.
Entre as apreensões há três revólveres, três pistolas, duas granadas, duas facas, um fuzil, 197 trouxinhas de maconha, 50 kg de maconha, 2.326 sacolés de cocaína e 901 pedras de crack.Tiroteio na Vila Cruzeiro
As ocupações visam a sufocar ações das quadrilhas da principal fação criminosa que domina as favelas do Rio. Na chegada dos policiais na Vila Cruzeiro, segundo a polícia, houve tiroteio.
De acordo com a logística das unidades militares, os policiais estão nas seguintes comunidades: 1º BPM (Centro), Fallet e Fogueteiro, em Santa Teresa; 2º BPM (Botafogo), Santo Amaro, no Catete, e Cerro-Corá, em Cosme Velho e adjacências; 4º BPM (São Cristóvão), Tuiuti e Barreira do Vasco; 17º (Ilha do Governador), Joaniza e Barbante; 22º BPM (Maré), Mandela, Varginha, Arará e Nova Holanda; 6º BPM (Tijuca), Cotia e Morro do Encontro; 16º BPM (Olaria), Furquim Mendes, Ficap, Cidade Alta, Brás de Pina e Vila Cruzeiro; 5º BPM (Harmonia) e 13º (Tiradentes), em vários pontos do Centro, e 19º (Copacabana) e 23º (Leblon), que estão em áreas da Zona Sul.
Segundo o coronel Marcus Jardim, policiais também fazem policiamento a pé sinalizando para o centro das operações qualquer atividade suspeita. A operação conta ainda com equipes do Batalhão de Choque, com policiamento também nas vias expressas, como Linha Vermelha e Linha Amarela.Ação coordenada após nove ataques
Após os nove ataques criminosos no Rio e Grande Rio, nas últimas 48 horas, a Polícia Militar anunciou na manhã desta terça-feira (23) que colocará todos homens nas ruas para reforçar o policiamento. Segundo a polícia, folgas vão ser reduzidas e até o ano que vem o governo promete contratar 7 mil novos policiais.
"Hoje os policias trabalham na operação que chamamos de 'fecha quartel'. Vão todos os policiais para rua", afirmou o Relações Públicas da PM, coronel Lima Castro, ressaltando ainda que a polícia está fazendo blitzes para apreender materiais incendiários e chegar a suspeitos responsáveis pelos ataques.
"Fizemos várias reuniões e decidimos antecipar as medidas que adotaríamos para o final do ano, diminuindo as escalas, reforçando o nosso policiamento na rua. Vamos ter o Batalhão de Choque operando nas vias especiais, as novas motocicletas para serem distribuídas, sobretudo nos batalhões das regiões metropolitanas", completou.Patrulhamento reforçado
Até o fim de dezembro, de acordo com a polícia, mais 250 motocicletas vão circular pela cidade. Nesta segunda-feira, 140 veículos foram distribuídos para os batalhões: "Irão intensificar o policiamento nestas áreas que estão sendo alvo desses criminosos", disse o comandante-geral da PM, Mário Sérgio Duarte.
Os primeiros ataques começaram há quase dois meses. No início, as autoridades chegaram a negar a possibilidade dos crimes para não amedrontar a população. Em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, no fim de setembro, foram três carros roubados e um homem feito refém.
Diante dos ataques, a PM passou a usar, desde o dia 8 de setembro, um helicóptero para ajudar no patrulhamento. Além disso, 19 batalhões tiveram mudanças de comandante. Ainda em setembro, um ataque acabou com um motorista baleado. Mais uma vez foi anunciado reforço no policiamento.
Beltrame atribui série de arrastões a facção criminosa
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que um "pequeno grupo de uma facção criminosa" seria o responsável pela série de arrastões: "Nós não vamos nos desviar deste tipo de conduta. Se não formos em frente com esse projeto, o Rio está sujeito a não conseguir resultados melhores na Segurança Pública", afirmou.
Segundo ele, as ações criminosas dos últimos dias seriam represálias à ocupação de 13 comunidades pelas Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs. Mais cedo, o comandante da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio Duarte, e o governado do Rio, Sérgio Cabral, já tinham dito que os ataques estariam sendo orquestrados por uma facção criminosa em represália às UPPs.
Beltrame disse também que a transferência de presos ligados ao tráfico de drogas de prisões no Rio de Janeiro para presídios federais também pode ser uma das causas dos incidentes registrados nos últimos dias.
Cronologia
No domingo, criminosos atearam fogo em dois carros na Linha Vermelha, depois de assaltar os motoristas. Um carro da aeronáutica foi metralhado na ação. À noite, na Via Dutra, na altura da Pavuna, dois carros foram roubados e uma vítima foi baleada; houve ainda arrastões em Laranjeiras e na Lagoa, na Zona Sul.
Na segunda-feira (22), motoristas de dois carros e uma van tiveram seus veículos incendiados no Trevo das Margaridas, em Irajá. Próximo dali, na Rua Monsenhor Félix, no mesmo bairro, uma cabine da PM foi baleada. Ninguém ficou ferido.
À noite, suspeitos atiraram contra policiais na Avenida Dom Hélder Câmara, em Del Castilho, no subúrbio, atingindo a cabine da PM e um carro que estava estacionado perto. Também no subúrbio, na Via Dutra, dois carros foram queimados na altura da Pavuna, próximo ao local do episódio de domingo, e outros dois veículos foram roubados. Na Zona Norte, outros dois carros foram incendiados, um no Estácio e outro na Tijuca.
Na manhã desta terça-feira (23), mais um carro apareceu queimado, desta vez na Praça da Bandeira, na Zona Norte. Segundo policiais da 18ª DP (Praça da Bandeira), o proprietário contou que encontrou o carro pegando fogo e acredita que tenha sido um ataque. Peritos vão ao local para verificar o que ocorreu.
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