Remoção de corpos causa polêmica
Ministério Público e Polícia Militar tentam chegar a um consenso sobre como os policiais devem proceder no atendimento a feridos civis em confrontos policiais. Há cerca de 30 dias, o coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), o promotor de Justiça Leonir Batisti, se reuniu com o comando da PM para debater o tema. Segundo o promotor, como o assunto é delicado, ainda não há como definir uma atuação específica. "A recomendação é para que, sempre que possível, o policial chame o resgate. Sabemos que transportar feridos na viatura não é o adequado, porém é o mais rápido. E a demora (no atendimento) para feridos à bala é crucial", diz o promotor.
Cinco rapazes suspeitos de roubarem um carro morreram na madrugada de ontem em confronto com a Polícia Militar (PM) no bairro Alto da Glória, em Curitiba. A PM abriu Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar as circunstâncias das mortes. O IPM deve ser concluído em 40 dias, com possibilidade de prorrogação por mais 20 antes de ser encaminhado à Justiça.
Oito policiais das Rondas Ostensivas Tático Móvel (Rotam) do 20.º Batalhão que participaram do confronto estão afastados do trabalho de rua enquanto tramitam as investigações internas. As armas dos policiais também foram encaminhadas para perícia. O Ministério Público, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), também foi acionado pela PM para verificar se houve abuso dos policiais no confronto. "Hoje (ontem) de manhã já começamos as diligências no local atrás de testemunhas e vestígios. Também fomos acompanhar a perícia do veículo", aponta o promotor Leonir Batisti, coordenador do Gaeco.
Por volta de 23h30, policiais militares avistaram o grupo de jovens no interior de um Volkswagen Gol circulando pelo bairro Santa Cândida. Ao verificarem a placa do carro, foi constatado que havia um alerta de roubo em relação ao veículo. De acordo com a PM, ao perceberem a movimentação das viaturas, os rapazes teriam iniciado a fuga.
Na Avenida João Gualberto, no Alto da Glória, o carro teria furado a barreira montada pela Rotam. Ao entrar na contramão e bater em uma mureta na Rua Nicolau Maeder, o grupo teria atirado contra os policiais. Neste primeiro confronto, dois deles teriam sido alvejados.
Os outros três abandonaram o carro e invadiram uma obra. Quando tentaram sair pelo outro lado do imóvel, estavam cercados pela PM. O trio, segundo a polícia, teria reagido à voz de prisão, sendo também atingido por disparos. Segundo a versão dos policiais, os suspeitos chegaram a ser encaminhados pelas próprias viaturas da PM ao Hospital Cajuru, mas não resistiram e morreram no trajeto. Nenhum policial ficou ferido.
Identidade
Conforme a PM, nenhum deles portava documento de identidade. Quatro foram identificados ontem no Instituto Médico-Legal (IML) e um seguia sem identificação até o fechamento desta edição. Entre os mortos, havia dois adolescentes, de 14 e 17 anos. Também foram identificados Ederson Miranda, de 25 anos, e Thobias Rosa Lima, de 19 anos. Todos moravam em Colombo, na região metropolitana. Ainda de acordo com a PM, o grupo estava com cinco revólveres calibre 38 com a numeração raspada.
A versão é contestada pela irmã de uma das vítimas, que prefere não se identificar. Ela afirma que o irmão não tinha arma e que ele sempre saía de casa com o documento. "Mas ele não deixou (o RG) na casa dele. E ninguém sabe dizer onde foi parar", afirma.
Sem apontar qual deles, o coronel Jorge Costa Filho, comandante do Policiamento da Capital, afirma que um dos rapazes, acusado de roubo e sequestro a um taxista, estava em liberdade provisória. "Há suspeita também de que alguns dos rapazes tenham participado de assaltos a outros estabelecimentos comerciais", diz o coronel.
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