Associação defende "lei" para disciplinar alunos

A violência não está apenas no entorno das escolas, nem restrita aos desentendimentos entre alunos. Para o presidente da Associação dos Policiais Militares do Estado de São Paulo, tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, "a disciplina do aluno precisa ser restaurada através de um regulamento forte, com força de lei, que devolva aos diretores, professores e funcionários os meios para impor a autoridade de seus cargos".

O militar vê a escola como um ponto de explosão de uma cadeia perversa. "Famílias que não conseguem estabelecer limites para suas crianças. Professores e métodos que não se impõem e nem são atrativos ao aluno", diz. O resultado é óbvio: milhares de jovens que, apesar de escolarizados, não têm condições de enfrentar a competição do mercado de trabalho. "Os governos (federal, estadual e municipal), responsáveis pela derrocada do setor, e a sociedade devem buscar o ponto de equilíbrio há muito perdido. Crianças e jovens não podem continuar assim desassistidos pois, dessa forma, serão os excluídos de amanhã, restando-lhes apenas, como meio de sobrevivência, a informalidade ou o crime".

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A sociedade costuma reclamar da segurança pública, mas na hora de colaborar tira o corpo fora. A queixa é do coordenador da Patrulha Escolar Comunitária, o major da Polícia Militar Loemir Mattos de Souza, que tem encontrado dificuldades para reunir a vizinhança dos colégios para discutir os problemas e encontrar soluções. Desde março os policiais da Patrulha Escolar vêm atuando como consultores de segurança em reuniões com diretores, professores, pais, donos de bares, comércio, lan house, vendedores de pipoca. "Lamentavelmente, a comunidade não tem dado a resposta esperada. Reclama da segurança, mas não comparece às reuniões", diz o major.

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"Quem participou entendeu nossa intenção e se comprometeu a colaborar para melhorar a segurança não só dos alunos, mas também de quem mora ou trabalha perto do colégio", diz o coordenador da Patrulha Escolar. "Nosso objetivo é mostrar que a filosofia de policiamento comunitário prevê o envolvimento da comunidade e que, sem isso, os resultados podem deixar a desejar." Ele explica que o objetivo é trabalho preventivo e a ação repressiva é o último recurso a ser usado. As reuniões buscam mudanças de atitudes dos professores, dos diretores, dos alunos e da comunidade, de modo que todos criem um ambiente seguro na escola.

A Patrulha Escolar segue cinco etapas em suas ações: avaliação das condições físicas da escola; trabalhos de dinâmica com professores, pais, alunos e diretores (e agora com a vizinhança), nos quais se define um plano de palestras; execução da segunda etapa, para colocar em prática o que foi planejado; palestras de orientação sobre, por exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente, ou sobre medidas de segurança; documento com o plano de segurança na escola. Segundo o major, uma forma de medir os resultados está nos registros informatizados: em dois meses, a Patrulha Escolar fez 49,4 mil atividades no Paraná, das quais 2,7% referem-se à intervenção da polícia para resolução de conflitos.

Hoje, a Patrulha Escolar tem 334 policiais e está em 65 municípios, atendendo a 50% das escolas da rede estadual e 65,7% dos alunos matriculados. Neste mês serão capacitados mais 188 policiais, elevando para 80% o número de alunos matriculados atendidos. (MK)