Enquanto você lê este texto, é provável que o Grupamento Aéreo da Polícia Militar do Paraná (Graer) tenha atingido a marca de 1,5 mil ações policiais. Um feito considerável, já que o grupo só completará cinco anos de existência em outubro. Há quinze dias, quando a reportagem visitou o aeroporto do Bacacheri, onde está sediado, o Graer havia registrado 1.498 trabalhos ligados à polícia, como fiscalizações ambientais, perseguições e cumprimento de mandado judicial. Mas o grupo também se aventura em resgates e ações médicas.
Policiamento aéreo faz a diferença; assista à reportagem
Câmera do helicóptero capta imagens a 22 km
O Grupamento Aéreo da Polícia Militar do Paraná (Graer) pode não ter ainda um drone, como os da Polícia Federal, mas tem o Falcão 4, helicóptero modelo Eurocopter EC-130 B4, principal plataforma de observação durante as ocorrências policiais no estado. Essa máquina custa em torno de R$ 3,5 milhões. Além de ter capacidade para voar mais de 6 mil metros de altitude a 235 km/hora, ele conta com uma supercâmera, a mesma usada nos drones espiões norte-americanos, modelo Star Safire 380 HD Moving Map Transmission Coban, ou simplesmente, imageador aéreo . Custa quase o mesmo que a aeronave, R$ 3 milhões. A lente, chamada pelos policiais de olho do falcão, alcança 22 quilômetros. Tudo depende da luminosidade em torno do objeto ou da pessoa monitorada. Às vezes, a aeronave pode estar acima das nuvens e de olho no que acontece na superfície. Apesar disso, a helicóptero voa normalmente no máximo até 150 metros de altura. Com essa força e velocidade, o Falcão chega rápido ao alvo. No caso de resgate no mar ou na mata, ele é fundamental. Sua câmera possibilita encontrar as vítimas pelo calor do corpo, o que aumenta as chances do salvamento.
Esses números transformaram o grupo em um instrumento indispensável. Basta relembrar episódios recentes das operações em que o helicóptero Falcão foi usado para confirmar. Os voos durante a Copa de 2014 foram diários para monitorar de cima possíveis problemas durante o megaevento. Há três semanas, os policiais do Graer ouviram pelo rádio a ocorrência que vitimou o guarda municipal Roni Fernandes. Em um minuto, deixaram o seu hangar no aeroporto do Bacacheri e chegaram ao Centro, onde sobrevoaram a região para tentar localizar o suspeito do crime.
Essa velocidade faz toda diferença no dia a dia. Já fazia em março de 2011, numa das maiores tragédias do estado, no Litoral, quando os policiais ainda não contavam com a supercâmera, adquirida com recursos federais para a fiscalização da Copa.
Segundo o capitão Márcio Valim de Souza, um dos integrantes do grupo, naquela tragédia o Graer conseguiu resgatar em dois dias mais de 500 pessoas de dentro de casas levadas ou invadidas pela enxurrada. “Para nós é uma atividade diferente. No verão, quando salvamos vidas (de afogamentos) é uma experiência gratificante”, conta Valim.
Só em Antonina houve 10 mil desabrigados naquele período, com três mortos em razão das chuvas. Morretes e Paranaguá também sofreram com o desastre natural. “Naqueles seis meses de operação já se justificou o orçamento de um ano inteiro”, disse o tenente-coronel Adonis Nobor Furuushi.
O investimento é alto para manter a excelência do Graer, que virou Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas em 2013. “É preciso se perguntar quanto custa para o estado e quanto vale para a sociedade”, diz Furuushi.
Para formar um oficial comandante, são de quatro a cinco anos em cursos fora da PM, que podem ser feitos em escolas civis, na aeronáutica ou em outras instituições. “Custa R$ 1 milhão por comandante”, diz. Hoje há seis comandantes de aeronaves em Curitiba, dois em Londrina e um em Guarapuava.
Mas não basta um comandante em cada aeronave. É preciso também o copiloto e, normalmente, um tripulante, responsável por manusear o controle da supercâmera. Embora, a equipe da aeronave seja relativamente pequena, é preciso um grupo pouco maior para manter a estrutura do batalhão. O efetivo é de 52 policiais e bombeiros militares. Cerca de 50% são oficiais.
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