Diante da onda de ataques a caixas eletrônicos que vem ocorrendo em Curitiba e região metropolitana neste início de ano, a polícia anunciou, na tarde desta quinta-feira (19), uma força-tarefa para coibir este tipo de crime. Paralelamente, as autoridades mapearam dois tipos distintos de quadrilhas: as que usam dinamite para explodir os terminais eletrônicos e os grupos que arrombam os caixas com maçaricos.Três novos casos ocorreram entre a madrugada e a manhã desta quinta-feira. Dois homens foram presos. Desde o início do ano, já foram 14 ataques (11 com explosivos e três com maçaricos).
"A melhor palavra para traduzir o que está ocorrendo é epidemia. Estamos diante de uma epidemia", definiu o delegado Guilherme Rangel, adjunto da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR).
A força-tarefa anunciada vai integrar homens da DFR, do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Segundo a delegada Vanessa Alice, do Cope, equipes vão fazer patrulhamento em estabelecimentos em que há caixas eletrônicos, como forma de coibir esse tipo de crime. "Será uma ação repressiva e preventiva", explicou a delegada.
Nas ações, os bandidos deixam poucas pistas, o que tem dificultado o trabalho de investigação. A análise dos casos revela que os ataques ocorreram em locais distintos, o que torna mais difícil a tarefa de mapear os atentados e prevenir os crimes. Os policiais atribuem os casos a diversas quadrilhas, que seriam especializadas e que atuariam de forma planejada. "Os dois homens que foram presos nesta quinta-feira disseram que não tem alarme ou dispositivo que os segure", contou Vanessa.
Explosivos
Das duas modalidades, as quadrilhas que usam explosivos são as que mais preocupam a polícia. Isso porque neste ano os ataques passaram a ser cometidos à luz do dia, com pessoas mantidas reféns e com uso de armas longas como espingardas e fuzis. "Esses grupos estão bem armados. Como há reféns, se alguma coisa der errado, pode haver vítimas", observa Rangel.
Normalmente, a ação dos bandidos é rápida: entre três e cinco minutos. Eles rendem funcionários de estabelecimentos, como mercados e pequenos shoppings, detonam os caixas e fogem com o dinheiro. De acordo com o delegado, as quadrilhas são formadas por integrantes do Paraná, mas têm ramificações em São Paulo.
Os explosivos usados nos ataques seriam, segundo a polícia, provenientes de assaltos a pedreiras. No ano passado, paiois de Almirante Tamandaré e Campo Magro, na RMC, e em Joiville, em Santa Catarina, foram roubados.
A DFR identificou uma das quadrilhas que estaria atacando os caixas com dinamites e pediu à Justiça que decrete a prisão dos suspeitos. "Nas investigações, não desprezamos nada. Apostamos em informantes, na análise de filmagens, em provas periciais e no levantamento de campo dos investigadores", disse Rangel.
Maçaricos
As chamadas "gangues do maçarico" costumam agir durante a noite ou de madrugada. Segundo Vanessa Alice, em geral, os grupos invadem as agências bancárias e cobrem as paredes de vidro com uma lona, fazendo-se passar por funcionários em serviço de manutenção. Os bandidos "cortam" as placas metálicas dos caixas eletrônicos, chegando ao compartimento onde o dinheiro fica guardado. As investigações revelam que estes grupos seriam articulados em cidades de Santa Catarina.
O problema é que, também neste tipo de ação, integrantes das quadrilhas permanecem do lado de fora dos bancos, dando cobertura aos comparsas que estão dentro das agências. No ano passado, quando um grupo de 11 pessoas foi preso, houve troca de tiros com policiais. Na madrugada desta quinta, também houve tiroteio no Centro de Curitiba.
Presos
Dois suspeitos de integrar uma "gangue do maçarico" foram presos na madrugada desta quinta-feira, após um tiroteio com policiais militares no centro de Curitiba. Gelson Arena Cabrera, de 28 anos, e Marcos Luciano Laurentino da Costa, de 35 anos, foram surpreendidos quando tentavam "cortar" um caixa eletrônico de uma agência do Santander, na Avenida Vicente Machado.
Segundo a delegada, eles tentaram fugir em um Palio azul, com placas de São José dos Pinhais. Ao perceber o cerco, eles teriam disparado contra os policiais, mas acabaram presos. Com eles, foram apreendidos um maçarico e equipamentos que seriam usados para violar os terminais. Os suspeitos seriam de Joinville.
Na quarta-feira (18), policiais do 8º Distrito Policial (DP) prenderam João dos Santos, foragido do sistema prisional catarinense. Por telefone, a polícia havia recebido denúncias informando que ele estaria envolvido na onda de ataques a caixas eletrônicos. As informações serão apuradas pelo Cope e DFR.
Outros casos
Além da ação da "gangue do maçarico" em Curitiba, outros dois casos foram registrados nesta quarta-feira, na região metropolitana. Um deles ocorreu em Colombo, onde o proprietário de um mercado, três funcionários e um cliente foram rendidos por um grupo de homens armados, por volta das 8 horas. Segundo a polícia, as vítimas foram colocadas em um cômodo e orientadas a se deitarem no chão. Em seguida, o terminal eletrônico foi explodido.
Apesar de o equipamento ter sido destruído, os bandidos fugiram sem levar nada, já que as notas foram avariadas na explosão. A detonação da dinamite também provocou estragos no teto e nas janelas do mercado. Ninguém ficou ferido, segundo a polícia. Um Crossfox usado pela quadrilha foi abandonado logo em seguida.
Em Piraquara, o alvo foi um caixa do banco Itaú, instalado em frente à prefeitura. Segundo informações da polícia, um grupo detonou uma bomba no terminal, mas a explosão não foi suficiente para destruir o equipamento. A polícia acredita que os bandidos tenham usado um artefato caseiro para tentar explodir o caixa eletrônico.
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