A Polícia Civil deflagrou nesta segunda-feira (26) uma operação para desarticular uma organização criminosa que traficava armas e drogas tanto no Rio Grande do Sul como no Uruguai, com ordens que saíam de dentro de diversas penitenciárias. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Eduardo Sant Anna Finn, o faturamento mensal do grupo, estimado com base nos dados reunidos ao longo da investigação, chegava próximo de R$ 400 mil mensais - R$ 82 mil com a venda de armas e munições e R$ 296 mil com a comercialização de entorpecentes.
A Operação Cerberus foi executada com a colaboração da polícia uruguaia. Cerca de 200 agentes cumpriram 22 mandados de prisão preventiva, 32 de busca e apreensão e oito de condução coercitiva nas cidades gaúchas de Santana do Livramento, Rosário do Sul e Uruguaiana, que ficam na fronteira oeste do estado, e nos municípios de Porto Alegre, Alvorada, Viamão, Canoas e Charqueadas - estes últimos localizados na região metropolitana da capital gaúcha. A cidade de Rivera, no Uruguai, também foi alvo da ação.
O delegado explicou que a quadrilha operava trazendo armamento do Uruguai para distribuir a outras organizações criminosas de Porto Alegre e localidades próximas. No fluxo contrário, adquiria drogas com traficantes da região metropolitana e revendia principalmente na Fronteira Oeste do RS, na divisa com o Uruguai. As investigações que levaram à Operação Cerberus duraram oito meses e mostraram que a intimidação e a eliminação de concorrentes são os métodos utilizados pelo grupo para a manutenção do monopólio do crime nos locais onde atua.
Segundo a polícia, o líder da quadrilha é um uruguaio que está detido no Presídio Central de Porto Alegre. Familiares dele participavam do esquema, assim como lojistas e pessoas que eram usadas como mulas (transportadores).
A ação dos bandidos também era orquestrada de outros presídios. De acordo com a Polícia Civil, a determinação para enviar armas e munições saía da Penitenciária Estadual de Santana do Livramento e Penitenciária Modulada Estadual de Uruguaiana, enquanto o envio das drogas em direção à fronteira oeste era gerenciado de dentro do Presídio Central de Porto Alegre, Penitenciária Estadual do Jacuí e Presídio de Alta Segurança de Charqueadas.
O cerco da polícia ao grupo é anterior à Operação Cerberus. O trabalho já havia resultado na prisão de 29 adultos, na apreensão de três adolescentes e em 72 indiciamentos, além da apreensão de 16 armas (incluindo um fuzil), mais de 24 quilos de drogas (maconha e cocaína), R$ 20 mil, 9 veículos e 2 imóveis com pedido de restrição. Os presos da ação desta segunda serão encaminhados ao sistema prisional.
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