Ponta Grossa - O inquérito que apura o maior esquema de tráfico de aves no Brasil foi concluído com o indiciamento de 31 pessoas, na última sexta-feira. A quadrilha foi desmontada pela Operação São Francisco, desencadeada pela Polícia Federal (PF) em parceria com fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no dia 30 de junho. As prisões foram efetuadas em várias cidades do Paraná. Segundo as investigações, o grupo movimentava R$ 5 milhões por ano com a venda de pássaros ao exterior.

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O delegado da PF Rubens Lopes da Silva, que comandou as investigações, diz que todos os que tiveram mandados de prisão temporária decretados no dia da operação foram incriminados. Agora, caberá ao Ministério Público Federal apresentar denúncia formal à Justiça contra os acusados, que aguardam em liberdade o andamento do inquérito.

Segundo a PF, o esquema funcionava com a ajuda de funcionários públicos do Instituto Am­­biental do Paraná (IAP), do Tribunal de Contas do Es­­tado (TCE) e da Assembleia Le­­gislativa, além de um ex-comandante do Batalhão de Polícia Ambiental do Paraná, a Força Verde.

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O ex-secretário estadual do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, e o ex-presidente do IAP, Victor Hugo Burko, não foram indiciados no inquérito. Os dois foram citados numa conversa entre os indiciados Márcio Rodrigues, dono de um viveiro em São José dos Pinhais e apontado como mentor do grupo, e Sérgio Buzato, funcionário do TCE. Buzato disse que conversaria com Rasca e Burko para anular uma multa por crime ambiental cometida por Rodrigues.

"Havia um discussão sobre se o Rasca e o Burko teriam foro privilegiado. Então para não deslocar o foro para o TRF (Tribunal Regional Federal), a gente decidiu tocar (o inquérito) no primeiro grau", afirmou o delegado Silva. Conforme o delegado, eles ainda poderão ser indiciados em inquéritos secundários. "Mas o Rasca e o Burko foram investigados desde o começo da Operação São Francisco e conti­­nuam sendo", completou.

Tratamento

As 2.559 aves apreendidas com os criadores ilegais estão num centro de apoio cujo endereço não é divulgado por motivo de segurança. Lá, os pássaros estão recebendo tratamento para serem encaminhados a zoológicos e criadores autorizados pelo Ibama. A coordenadora do Núcleo de Faunas do Ibama no Paraná, Thais Michele Fer­­nandes, acredita que dentro de duas semanas as aves terão uma destinação.

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