A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre a morte do adolescente Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17, espancado até a morte em 1º de agosto, em Charqueadas (região metropolitana de Porto Alegre).
Nove adultos foram indiciados por homicídio triplamente qualificado, três tentativas de homicídio qualificado e formação de bando. Além dos adultos, sete adolescentes foram responsabilizados pelos mesmos crimes. O inquérito será enviado ao Ministério Público, de onde parte a denúncia para a condenação pela Justiça.
Os adultos já estavam presos temporariamente, mas o delegado Rodrigo Reis pede à Justiça que converta a prisão em preventiva até o julgamento. Os adolescentes também estavam apreendidos em caráter temporário e o delegado solicitou a prorrogação da apreensão.
O inquérito foi concluído pela polícia antes do prazo legal, que é de 30 dias.
“Foi uma investigação rápida, mas complicada porque escutamos muitas pessoas. Foram mais de 30 oitivas”, disse à reportagem o delegado Rodrigo Reis.
Alguns envolvidos já tinham antecedentes criminais. Quatro deles agrediram um jovem de Porto Alegre, em abril, em circunstâncias parecidas com o crime de Charqueadas.
O crime
Juninho, como o garoto assassinado era chamado, foi assassinado com socos, pontapés e garrafadas na cabeça ao sair de uma festa. O pai do menino, Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro, 48, presenciou tudo. Tentou inutilmente evitar o ataque de mais de uma dezena de garotos, alguns conhecidos da família.
A festa era para arrecadar fundos para os formandos da escola Cenecista Carolino Euzébio Nunes. O pai foi buscar o filho de carro na saída. O garoto pediu para ele dar carona a um casal de amigos, da cidade vizinha de São Jerônimo.
Os dois amigos estavam sendo ameaçados pelo bonde – como são chamadas as gangues no Sul – “Abas Retas”. O bonde costumava atacar pessoas de fora da cidade.
A violência das gangues é um “problema antigo” e existe grande rivalidade com os garotos “de fora”, segundo o major Fábio Almeida César, comandante do batalhão da Polícia Militar da cidade.
“Na noite do crime tínhamos uma guarnição apenas por causa da defasagem do efetivo”, diz o major. Segundo o comandante, os policiais são desviados de função para trabalhar nos presídios -são seis na cidade.
Depois do crime, César afirma que foram “devolvidos” nove policiais para a cidade.