Investigadores da Divisão de Homicídios (DH), que conduzem o inquérito do suposto assassinato de Amarildo Souza, de 43 anos, realizaram na última quarta-feira, 21, uma reconstituição informal dos últimos passos do pedreiro até seu sumiço, na Favela da Rocinha, zona sul do Rio.
A mulher da vítima, Elisabete Gomes da Silva, participou da reprodução simulada. O objetivo foi dissipar todas as dúvidas do trajeto de Amarildo de sua casa, na Rua 2, até a sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, na localidade conhecida como Portão Vermelho. Ele está desaparecido desde a noite de 14 de julho, quando foi conduzido por policiais militares à UPP "para averiguação".
Bete indicou aos agentes o caminho exato que Amarildo, acompanhado dos PMs, fez a pé entre sua casa e o Centro de Comando e Controle, na parte alta da Rua 2. É neste posto que são monitoradas as imagens das 80 câmeras de segurança da Rocinha.
Se o pedreiro e os PMs tivessem subido direto pela Rua 2, eles teriam sido filmados por outras câmeras. No entanto, Bete mostrou aos policiais os becos utilizados pelo grupo para chegar ao centro de monitoramento. Foi ali que Amarildo foi colocado dentro da viatura da PM que o levou à sede da UPP. Esta é a última imagem de Amarildo vivo. Inicialmente, Bete também aparece à esquerda do vídeo. Ao avistar Amarildo, a mulher corre em direção à viatura, que deixa o local.
Todo o procedimento foi filmado e fotografado pelos próprios policiais. O delegado Rivaldo Barbosa e o promotor Homero Freitas, responsáveis pelo inquérito, não estavam presentes. A reconstituição informal foi sigilosa para não chamar a atenção de moradores da favela e da imprensa. Procurada nesta sexta-feira pela reportagem, a Polícia Civil não se manifestou sobre o caso.
A DH espera realizar a reprodução simulada oficial na semana que vem. Antes, os policiais querem ouvir novamente o depoimento de Bete, marcado para a próxima segunda-feira, 26. No dia seguinte, ela vai comparecer ao Ministério Público, para depor no inquérito policial militar (IPM) aberto pela Corregedoria da PM para investigar o suposto sequestro de Amarildo.
A oitiva estava marcada para ocorrer na Coordenadoria de Polícia Pacificadora, unidade da PM no Complexo do Alemão. Porém, a pedido do advogado João Tancredo, o depoimento será dado na sede do MP. Segundo Tancredo, que representa a família do pedreiro, Bete não ficaria confortável em falar num quartel da PM, pois se sente ameaçada.