O delegado Lupércio Antônio Dimov, titular do 23º Distrito Policial (Perdizes), que investiga o atropelamento e morte do zelador aposentado Florisvaldo Carvalho Rocha, disse, na quinta-feira (20) que o ciclista que atingiu a vítima “pode ter se confundido” ao dizer, em depoimento, que não estava na ciclovia, mas sim na rua, na hora do acidente. O crime ocorreu sob o Minhocão, em Santa Cecília, no centro, na tarde de segunda-feira (17).
O posicionamento é diferente do que o delegado havia dito na quarta-feira (19), quando deu as primeiras entrevistas sobre o caso. “Pode ter alguma confusão por parte dele. Devia estar na ciclovia, até porque não tinha como ele acertar a vítima se estava na rua”, declarou o delegado. Anteontem, o policial não havia questionado o depoimento do administrador de empresas Gilmar Raimundo de Alencar, de 45 anos, condutor da bicicleta. O ciclista foi interrogado no começo da tarde.
Defensora de Alencar, a advogada Juliana Alencar de Andrade Silva disse que não há nenhum novo elemento que justifique a desconfiança da polícia. “Nada mudou em relação ao depoimento oficial.”
Alencar afirmou à polícia e a jornalistas que, no dia do acidente, voltava de um almoço no centro e havia entrado na Avenida General Olímpio da Silveira alguns quarteirões antes do ponto da colisão. Disse que, como já sairia da via, optou por não pegar a ciclovia, permanecendo na rua. Ele informou ainda que trafegou pela faixa da direita até o trânsito fechar, quando então mudou para a faixa à esquerda, exclusiva para ônibus. Foi nesse instante que Rocha apareceu em sua frente.
“Ele deve ter desviado da pilastra e atingido a vítima, não tem como ele estar na rua. Ele se confundiu”, insistiu o delegado, ontem. A reconstituição do caso está marcada para as 14 horas. Segundo o delegado, os peritos farão um tipo de laudo chamado Croqui Dinâmico do Evento, que verificará as informações prestadas pelo ciclista. O ciclista confirmou que participará da reconstituição e levará sua bicicleta - que não ficou danificada no acidente. À polícia, o administrador teria afirmado que acreditava estar a uma velocidade de cerca de 20 km/h. A Polícia Civil pretende ouvir, também amanhã, outras duas pessoas: o filho de Rocha e a síndica do prédio em que o zelador aposentado vivia.
Estatística
Ontem pela manhã, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, declarou que, não fosse a cobertura da imprensa e a manifestação da população nas redes sociais sobre o caso, a morte de Rocha seria “mais um atropelamento na cidade, como acontece todos os dias”.
“Teve essa repercussão toda primeiro porque foi um idoso, segundo porque foi um ciclista, terceiro porque tem uma ciclovia embaixo do Minhocão. Não fosse isso, seria mais um noticiário de rodapé que a gente vê, infelizmente”, disse o secretário, completando o raciocínio dizendo que “ia virar um número”, não fosse a repercussão.
A ciclovia vem sendo criticada por haver pontos cegos que trariam insegurança. O secretário afirmou também que a Prefeitura “não vai se conformar” com o acidente. “Temos de buscar mecanismos para que isso não aconteça mais.” Para Tatto, uma série de fatores levou à colisão do ciclista com o idoso. Ele diz acreditar que, antes da política de implementação de ciclovias na cidade de São Paulo, os ciclistas eram “invisíveis”. “Existiam, mas as pessoas faziam de conta que não.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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