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O governador de Sergipe, Marcelo Déda (PT), disse nesta quarta-feira (18), após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que a polícia já tem um suspeito do atentado cometido contra o presidente do Tribunal Regional Eleitoral do estado, Luiz Antônio Araújo Mendonça. Segundo Déda, o suspeito, que está foragido há pelo menos dois anos, foi preso quando o desembargador era secretário de Segurança Pública.

"Há um fugitivo da Justiça que teria ameaçado de morte não apenas o desembargador, como algumas autoridades sergipanas. A polícia está examinando essa hipótese. Mas há também outras linhas de investigação", disse.

O suspeito é acusado de crimes como agiotagem e roubo de urnas e teria uma lista de desafetos de quem desejaria se vingar, afirmou o governador. "Há informações de que ele teria ameaçado o desembargador. Portanto, digamos que seja a hipótese mais óbvia. Tem uma informação de que ele teria uma lista de autoridade, mas ninguém encontrou essa lista", afirmou.

Déda disse ser "remotíssima" a possibilidade de o crime contra o presidente do TRE-SE ter motivações políticas. Para o governador, o atentado é um "fato isolado" que não ameaça a segurança do processo eleitoral.

"Relatei ao presidente que a avaliação da polícia do meu estado e a avaliação geral de Sergipe é que não há nenhuma hipótese do atentado estar vinculado com a questão eleitoral e a questão política. As linhas mais vigorosas de investigação são no sentido de encontrar alguma relação do episódio com vingança de criminosos que foram presos no período em que o desembargador era secretário de segurança pública", disse o governador.

Déda afirmou que o próprio presidente do TRE-SE disse acreditar que o crime tenha sido motivado por vingança. Além de secretário de Segurança Pública, Mendonça foi promotor de Justiça do estado. "O próprio desembargador disse ao secretário de Segurança Pública do estado [João Eloy de Menezes] que não acreditava que houvesse qualquer espécie de vínculo político ou eleitoral", afirmou.

O governador declarou que Mendonça nunca pediu proteção policial e não andava de carro blindado. "Não é da tradição política do estado a violência como componente das eleições", disse.

Déda também afirmou que não pretende pedir reforço ao governo federal para policiamento durante as eleições. Segundo ele, a polícia de Sergipe está apta a garantir a segurança de autoridades e eleitores.

"Não há nada que justifique um reforço do Exército ou da Força Nacional para garantir o pleito. Nenhuma autoridade ou candidato se disse ameaçado. É claro que o atentado por si só nos põe em alerta, mas a Justiça sergipana tem plena condição de atuar, junto com a Justiça Eleitoral, para garantir a segurança do pleito."

Lula preocupado

O governador afirmou ainda que o presidente Lula se disse preocupado com o atentado e perguntou sobre o estado de saúde do motorista de Mendonça, que também foi baleado e está internado em estado grave.

"O presidente manifestou preocupação e ao mesmo tempo indignação. Nós dois estamos obviamente indignados e empenhados em prender os pistoleiros e os mandantes. E ele manifestou também solidariedade e se colocou a disposição, através do Ministério da Justiça, para que a Polícia Federal trabalhe em conjunto com a polícia de Sergipe", disse.

Atentado

Mendonça ficou ferido após ser alvo de tiros na manhã desta quarta-feira (18). Segundo a Secretaria de Segurança Pública de Sergipe, o carro onde ele estava trafegava pela Avenida Beira Mar, na Zona Sul de Aracaju, e foi atingido por tiros de quatro homens quando estava parado em um semáforo.

Possibilidades de um assalto mal-sucedido foram descartadas, segundo a secretaria, porque não houve abordagem antes dos disparos. A placa do veículo de Mendonça sinalizava que se tratava de um carro oficial do Tribunal de Justiça.

Segundo a Polícia Militar, Mendonça foi encaminhado para o Hospital São Lucas. Em nota, o Tribunal de Justiça de Sergipe informou que o desembargador foi atingido apenas por fragmentos de projéteis que se alojaram abaixo da pele, na região do couro cabeludo, e que ele está fora de perigo. Inicialmente, a PM havia dito que ele foi ferido no ombro, o que depois foi retificado pelo boletim médico.

A Secretaria de Segurança Pública de Sergipe informou que um policial militar de 41 anos, que dirigia o carro, também chegou a ser atingido e foi encaminhado a um hospital em estado grave. Em nota, o Hospital de Urgência de Sergipe afirma que o motorista foi atingido por uma bala na cabeça e será submetido a uma tomografia para avaliar a extensão do ferimento. O estado de saúde do paciente é considerado gravíssimo.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança, a polícia faz buscas na região para localizar os suspeitos, que fugiram após efetuar os disparos. O carro usado na fuga foi encontrado queimado a cerca de 300 metros do local do crime.

A polícia suspeita que os criminosos tenham utilizado um segundo carro para continuar a fuga. Pontes e regiões de divisa do estado estão sendo monitoradas. Mais detalhes sobre a investigação devem ser divulgados ainda nesta tarde.

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