Comissão da Alep vai discutir segurança nas "baladas"
Na quinta-feira (10), o deputado Tadeu Veneri (PT), presidente da comissão de direitos humanos da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), disse que o grupo de deputados vai acompanhar o caso e que vai discutir medidas para normatizar a segurança nas "baladas". Na terça-feira (15), a comissão vai se reunir com diretores da Abrabar, do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região (Sindivigilantes) e com proprietários de casas noturnas da capital.
Nesta sexta-feira (11), o presidente da Abrabar, Fábio Aguayo, adiantou algumas sugestões que pretende apresentar. Ele disse que defende a regulamentação do "bico" de policiais (em que os agentes atuam nas casas noturnas nas horas de folga) e que defende uma "varredura" da Polícia Federal (PF) em todas as empresas que fazem segurança privada.
Aguayo também propõe a criação de um curso específico, vinculado à PF, voltado a profissionais de segurança que queiram trabalhar em bares e casas noturnas. "A vigilância privada é voltada à defesa do patrimônio, não da vida. A carência de mão-de-obra especializada é grande", disse.
Imagens gravadas por câmeras de segurança e clientes que estavam na fila do James Bar, no Centro de Curitiba, vão ajudar a polícia a descobrir se um jovem de 18 anos foi espancado por seguranças da casa no último fim de semana. O pai do rapaz registrou boletim de ocorrência no 3º Distrito Policial (DP), alegando que o filho foi agredido. O advogado do bar, Edward Rocha de Carvalho, garantiu que há elementos que comprovam que o garoto caiu, depois de ter saído do bar sem pagar a conta.
Nesta sexta-feira, a Gazeta do Povo tentou novamente contato por telefone com familiares do jovem, mas não foi atendida.
O delegado do 3º DP, Rogério Martin de Castro, instaurou inquérito policial para investigar o caso. Nesta sexta-feira (11), o bar repassou à polícia imagens de câmeras de segurança do estabelecimento e a relação de seguranças que trabalharam no fim de semana. Em um levantamento no local, os policiais detectaram outros seis pontos (um posto de combustíveis, quatro comércios e um condomínio) que também têm circuito de monitoramento, cujas câmeras podem ter gravado o que aconteceu. "Enviamos ofícios, solicitando essas imagens", informou o delegado.
A partir da semana que vem, a polícia começará a ouvir testemunhas clientes da casa que estavam na fila. Uma relação de oito pessoas que afirmam ter presenciado o ocorrido foi entregue ao delegado pelo advogado do bar. "Até a segunda-feira (14), eu pretendo apresentar pelo menos mais dez nomes", adiantou Carvalho. O advogado também apresentou cópias de depoimentos que testemunhas registraram em redes sociais na internet.
Segundo o delegado, a partir da análise das imagens e do depoimento das testemunhas, a polícia terá indícios mais consistentes do que realmente ocorreu, já que o pai da vítima e o advogado da casa apresentaram versões divergentes. "O que a gente tem certeza é de que houve a interferência de um segurança. Se nas imagens for constatado que houve um acidente, não há crime a ser apurado", disse Castro.
Versões
O caso ocorreu na madrugada de sábado (5) para domingo (6). De acordo com a direção da casa, o rapaz não tinha dinheiro suficiente para pagar a conta de R$ 60. O gerente teria tentado negociar, pedindo ao jovem que fizesse empréstimo de algum amigo ou que telefonasse para os pais. Após rejeitar a negociação, o garoto teria saído sem pagar a comanda e foi perseguido por um segurança. De acordo com o advogado, o jovem teria tropeçado e caído. O segurança que vinha atrás caiu por cima dele.
"Quem acusa, tem que provar. O que a casa está fazendo é ter uma postura proativa, porque estamos perfeitamente tranquilos em relação ao que ocorreu. Há dezenas de testemunhas que comprovam que ele [o garoto] caiu", afirmou o advogado.
Entre os familiares do garoto, há duas versões. No boletim de ocorrência, o pai do rapaz afirma que o filho foi imobilizado pelo segurança com um golpe conhecido como "mata-leão". Outro segurança teria desferido chutes no joelho do jovem, segundo o relato do pai.
Na terça-feira (8), a tia do menino encaminhou um e-mail à comissão de direitos humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR) e à Associação de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), denunciando o suposto caso de agressão. De acordo com a mulher, o rapaz foi rendido por seguranças e espancado até desmaiar.
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