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A titular da 13ª DP (Ipanema), delegada Monique Vidal, informou que pedirá ainda nesta sexta-feira (30) ao Ministério Público, que encaminhará à Justiça, a prisão da procuradora Vera Lúcia Sant'Anna Gomes, acusada de torturar sua filha adotiva de dois anos.

Ela foi indiciada nesta quinta-feira (29) pelos crimes de tortura qualificada e racismo, uma vez que é acusada de bater na menina que pretendia adotar. O laudo do IML apontou que a criança foi vítima de lesão corporal leve.

A mãe biológica da criança que estava sob guarda da procuradora aposentada, acusada de tortura à criança, quer a filha de volta ao convívio familiar. A mulher diz que já tem condições de cuidar da filha e diz que está sofrendo com a falta da menina.

"Está sendo muito difícil, complicado, mas eu tenho fé em Deus, tenho fé que em breve ela estará comigo", afirmou a mãe biológica. Segundo ela, seu advogado entrou com um pedido na Vara da Infância e Juventude para que concedida uma autorização de visita à criança no abrigo. O resultado do pedido, segundo o advogado Sylvio Pereira, deve sair em cinco dias.

A mãe explica que a filha teria parado no abrigo, pela primeira vez, por equívoco: "Ocorreu que eu me separei e tive uma série de problemas financeiros. Pedi para que uma amiga ficasse com a menina por uma semana. Quando eu retornei, ela tinha sido entregue num abrigo. Eu corri atrás, teve algumas audiências, que eu nem fui citada, e então eu perdi a criança", lamentou.

A Defensoria Pública afirma que o "abandono" teria ocorrida duas vezes e foi decisivo para a suspensão do poder familiar da mãe. Segundo a defensora Eufrásia Souza, a mãe da criança por duas vezes a deixou ser cuidada por outra pessoa. Na primeira vez, em janeiro de 2008, de acordo com a defensoria, a mãe tinha deixado a filha com uma pessoa por mais de um mês.

A menina foi posta em um abrigo e, em novembro, foi recuperada pela mãe. Mas, em fevereiro de 2009, a criança foi levada, de novo, para o mesmo abrigo onde por uma outra pessoa.

"Em outubro de 2009 foi suspenso o poder familiar e a mãe proibida de visitar o abrigo. O fato de a criança ter sido pela segunda vez, deixada ser cuidada por outra pessoa, fez o Ministério Público alegar que ela não cumpriu com os deveres de guarda".

Mãe diz ter condição de cuidar da filhaA mãe afirma que estava trabalhando como vendedora até o dia em que reconheceu o choro da filha na televisão. A partir daí, teria parado de trabalhar para cuidar da retomada da guarda. Ela, que tem 27 anos, teria um namorado em condições de sustentar a família, sustenta o advogado.

A ex-vendedora mora no Catete, bairro da Zona Sul do Rio, e pretenderia ter mais um filho. A mulher diz o que a sua filha estaria sentido:

"Ela deve estar com a cabeça muito confusa, ela deve estar querendo entender tudo isso e não sabe. Ela é uma garota meiga, carinhosa, observadora. Ela observa tudo, é muito quieta e a partir do momento que ela foi parar o abrigo, ela passou a ter um olhar triste. Um olhar de quem está sofrendo, de que aquele lugar não é bom. É como se te olhasse e falasse ‘me tira daqui’ - afirma.

Agressões

De acordo com a delegada, o laudo complementar pedido ao Instituto Médico Legal (IML) mostra que a criança sofreu multiplicidade de lesões, em dias diferentes, e por meio cruel.

Já o crime de racismo, segundo a delegada, foi configurado pela forma como a procuradora se referia aos seus empregados.

A procuradora prestou depoimento na delegacia acompanhada do advogado, Jair Leite Pereira. Em depoimento, ela negou todas as acusações, segundo a delegada Monique Vidal, responsável pelo inquérito. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público estadual (MP) nesta sexta-feira (30).

"Ela negou tudo, disse que desconhece as fotos apresentadas. Apenas confirma ter xingado a menina de cachorrinha, o que ela diz não ser nada demais porque ela gosta muito de cachorro. O resto ela negou", afirmou a delegada.

A denúncia

Na delegacia, no último dia 15, o Conselho Tutelar registrou queixa de maus-tratos e apontou a procuradora como a única responsável pela violência na criança. Uma gravação que teria sido feita dentro do apartamento da suspeita mostra um dos momentos de agressão. A voz seria da procuradora e o choro seria da menina adotada por ela há pouco mais de um mês.

Segundo o conselho, a criança foi encontrada no chão do terraço onde fica o cachorro da procuradora. De lá, a menina foi levada para um hospital. Com os olhos inchados, ela precisou passar três dias internada. As marcas seriam, aparentemente, consequência de pancadas na cabeça, mas o laudo do IML apontou lesão corporal leve.

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